Desenvolvido pela CeelBio, novo método em produção de vidro bioativo pode acelerar tratamento odontológico e eliminar o uso de anti-inflamatório
A empresa CeelBio, incubada na Inova UFMG, ganhou na quarta-feira, 31, o Desafio Brasil, um prêmio de empreendedorismo e inovação promovido por marcas como Intel, Microsoft, Lenovo e Banco do Nordeste. A empresa patenteou novo método de produzir o biovidro, material que pode ser usado para preparar implantes dentários com menor custo e por meio de cirurgia menos invasiva.
Na cerimônia, realizada na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, a empresa bateu outros cinco finalistas – a maioria na área de tecnologia da informação – e recebeu um total de R$ 67 mil em premiações. Além disso, vai representar o Brasil na etapa latino-americana do Desafio, que dá vagas à final mundial – na qual o Brasil, em seis anos de participação, nunca foi campeão.
“Eu sou formada em química e não tinha o perfil empreendedor”, conta Rosana Domingues, uma das fundadoras da empresa. “Foi na incubadora da Universidade Federal de Minas Gerais, chamada Inova, que descobri que poderia seguir por esse caminho. Lá também tive contato com pessoas jovens e com tino empreendedor, que se tornaram meus sócios”, conta.
Materiais bioativos são capazes de se integrar ao corpo humano com o mínimo de efeitos indesejados. Implantes em geral devem ser feitos ou recobertos por esses materiais para que possam se ligar ao tecido vivo. Os biovidros são exemplos desse tipo de material. Quando o implante é recoberto por eles, forma-se uma interface amigável entre o implante e o organismo por meio de uma propriedade chamada osteoindutora, que facilita a regeneração óssea.
Entretanto, a fabrição de vidro sempre envolve altas temperaturas, impossibilitando a incorporação de substâncias sensíveis ao calor. Para contornar esse problema, várias pesquisas dedicam-se a encontrar novas formulações que permitam abaixar a temperatura de fabricação do vidro.
Esse foi o foco da pesquisa de Rosana Zacarias Domingues e Ângela Leão Andrade, do Departamento de Química da UFMG. As pesquisadoras conseguiram sintetizar vidro utilizando o método chamado sol-gel a temperatura ambiente e foram além: trabalhando com temperaturas baixas, obtiveram sucesso em introduzir medicamentos no vidro sintetizado.
A aplicação priorizada pelo grupo foi a utilização do vidro bioativo associado a antibióticos e anti-inflamatórios em procedimentos cirúrgicos odontológicos. Nos testes realizados em parceria com a Escola de Odontologia da UFMG, o uso do vidro bioativo em forma de pó, contendo medicamento foi capaz de induzir a formação de tecido ósseo, a partir do cresciemnto da hidroxiapatita. Essa substância é a prinicipal constituinte desse tipo de tecido.
“A intervenção com vidro bioativo é mais efetiva porque leva o medicamento exatamente para o local que demanda o tratamento”, conta Rosana. “Ele pode diminuir o número de intervenções, acelerar o tratamento e ainda eliminar o uso de anti-inflamatórios por via oral, comum em cirurgias odontológicas”, afirma Rosana Domingues.
Patente
Pedido de patente para proteção da tecnologia já foi registrado. Ela será comercializada pela empresa CeelBio Tecnologia em Cerâmicas, spin-off gestada no Departamento de Química. Não há no mercado nacional e internacional concorrente direto para os vidros bioativos com aplicação odontológica. O Brasil é atualmente o quinto mercado mundial em implantes dentários.
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