Microscópio óptico na era da nanotecnologia

Usando grânulos de vidro minúsculos, pesquisadores criaram um microscópio com resolução de 50 bilionésimos de um metro

Microscópio óptico na era da nanotecnologia
O microscópio permite que cientistas vejam com seus próprios olhos objetos de apenas 50 nanômetros, sem recorrer a métodos indiretos

Uma equipa britânica colocou em funcionamento o microscópio mais potente do planeta, utilizando apenas luz branca e minúsculos pedaços de vidro. “É um novo mundo para a microscopia óptica”, anunciou Zengbo Wang, investigador na Universidade de Manchester. Wang explicou que o sistema consegue observações 20 vezes superiores aos aparelhos tradicionais, limitados à uma resolução de 0,001 milímetros (um mícron).

Com o novo microscópio, a luz entra na escala nano – para uma resolução de 50 nanómetros. O investigador adianta que, apesar de os potentes microscópios de iões e electrões conseguirem uma visão ainda mais detalhada – o equipamento de nanofabricação inaugurado em Portugal consegue captar de forma clara imagens com um nanómetro – é a primeira vez que um microscópio atinge este desempenho, com vantagens para a ciência.

Dessa forma, os cientistas podem ver com seus próprios olhos um nível de detalhe que é normalmente restrito a métodos indiretos, tais como a microscopia de força atômica e a microscopia eletrônica de varredura.

Alguns desses métodos indiretos fotografam a uma resolução de um bilionésimo de metro (nanômetro), e até mesmo oferecem vislumbres de uma única molécula. Mas não é a mesma coisa que simplesmente olhar diretamente esse detalhes pelo microscópio.

A invenção foi publicada ontem na revista “Nature Communications”. Zengbo Wang adiantou que o novo sistema resultou da descoberta de que pedaços de vidro com tamanhos reduzidos, ao nível do micrómetro, têm propriedades de ampliação superiores. O avanço óptico, diz Wang, vai permitir novos estudos em áreas como a biologia.

Um dos primeiros trabalhos alocados ao microscópio é o estudo de vírus vivos. “Hoje usam-se os microscópios de electrões e iões mas os vírus morrem automaticamente. Vê-se o cadáver do vírus. Vamos poder mantê-los vivos durante as observações. Vai permitir, por exemplo, ver em tempo real como é que um vírus provoca uma determinada doença.”

Fonte: ionline