Com a função principal de barrar o calor sem afetar a iluminação, vidros de alto desempenho ganham novas tecnologias e aplicações
Tendo em vista as consequências do aquecimento global, arquitetos e engenheiros buscam soluções para encarar as mudanças climáticas e se alinharem aos novos modelos de construções, exigindo cada vez mais projetos com uma reduzida pegada de carbono, especificando materiais sustentáveis e de alta eficiência energética.
Solução amplamente difundida em grandes fachadas comerciais, os vidros de controle solar aparecem como uma das boas opções para a construção civil.
Com a função principal de filtrar os raios solares por meio da reflexão da radiação, de forma seletiva, os vidros de controle solar entram no mercado para atender projetos que necessitem de um envidraçamento capaz de barrar o calor sem afetar a iluminação recebida.
Isso se deve à crescente utilização do vidro na arquitetura contemporânea. Seja em coberturas ou fachadas, é fato que as áreas envidraçadas estão cada vez maiores, não somente em espaços públicos e edifícios, como também em residências. Consequência direta dos benefícios do material que, entre outras vantagens, permite iluminação natural, reduzindo a utilização de luz artificial, impede a passagem dos raios ultravioletas (UV), reduz a entrada de ruídos e de calor.
O vidro de controle solar é formado a partir da deposição de camadas de óxidos que filtram os raios solares, reduzindo deste modo a passagem dos raios UV e infravermelhos. Segundo Carlos Henrique Mattar, engenheiro e gerente de desenvolvimento de mercado da Cebrace, “quando a luz do sol chega aos vidros, uma parte desta ‘energia’ é refletida, outra parte é absorvida e outra passa direto. A relação entre estas partes varia de acordo com a cor e o tipo de vidro, por isso existem diferentes tipos de vidros de controle solar e cada um atende uma necessidade”, destaca.
“Com o avanço da tecnologia, hoje temos vidros capazes de barrar até 80% do calor, com uma entrada de luz acima de 40%, o que para o mercado brasileiro é considerado uma boa quantidade de luz, pois o país tem o dobro de incidência do hemisfério norte. Desta maneira os vidros podem contribuir substancialmente para a redução de calor no ambiente deixando-o iluminado, sem agredir o meio externo ou promover o ‘enclausuramento’ de seus ocupantes, o que reflete em uma grande economia de energia elétrica”, afirma o engenheiro.
Pode-se encontrar no mercado diferentes tipos de vidro de controle solar: coloridos, refletivos e de baixa reflexão, sendo que estes últimos se dividem em seletivos e de alta seletividade. A definição do mais adequado para cada projeto vai depender de alguns fatores, como a escolha da cor e o tamanho da área envidraçada, seguidos pela performance térmica e luminosa desejada.
O desempenho final obtido resultará do balanceamento entre a transmissão luminosa (TL%) e o fator solar (FS), índices que traduzem as diferenças e as características de cada produto. O local de aplicação do material (contemplado pela norma técnica NBR 7199) também indicará se ele deverá ser monolítico, temperado, laminado ou insulado; e as necessidades de desempenho se ele deverá ser combinado com outros vidros, agregando funcionalidades como isolamento acústico, autolimpeza e segurança.
Os locais mais indicados para a utilização dos vidros de controle solar são fachadas, coberturas, sacadas, portas e janelas, ou seja, aplicações externas onde há grande incidência de raios solares.
Nos países de clima tropical como o Brasil, mesmo nas regiões mais frias, não se pode deixar de lado os cuidados com os raios solares. De norte a sul do país, os vidros de controle solar são boas opções quando a necessidade é segurança e economia.
Em regiões de clima frio, como o Sul do país, os vidros de controle solar seletivos (com camada baixo emissiva), que podem ser aplicados em vidros insulados – também conhecidos como duplos -, por exemplo, conservam o calor dentro do ambiente e isolam o frio do exterior, deixando que apenas os raios luminosos entrem. Já nas regiões de clima quente, como é o caso do Norte e Nordeste, consegue-se reduzir a entrada de calor, recebendo apenas a iluminação que vem de fora e evitando que o ar condicionado do interior saia, gerando economia de energia.