Com foco traçado na área de construção, decisão é vista como estratégia da Saint-Gobain para venda progressiva do braço de embalagens
A abertura de capital da área de embalagens da Saint-Gobain na bolsa de Paris – planejada para o segundo trimestre deste ano – é um caminho para a independência da empresa do restante do grupo. A perspectiva foi traçada pelo vice-presidente da Saint-Gobain Packaging, Jérome Fessard.
Em visita ao Brasil pela primeira vez desde quando anunciou, em outubro sua intenção de realizar oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), o executivo afirma que prepara a empresa para seu fortalecimento em um momento em que a estrutura de comando sofrerá mudanças.
A oferta de ações da Saint-Gobain Packaging nos próximos meses será minoritária, o que garante ao grupo (que já é listado na bolsa de Paris) o controle da empresa. O executivo afirma, no entanto, que ainda não decidiu o tamanho dessa oferta. “Será significativa”, resume.
A partir da abertura de capital, o conselho de administração da empresa será composto por nove membros. Além de Fessard, cinco componentes serão da Saint-Gobain e três serão independentes, com a função de representar os acionistas minoritários. O processo ainda não foi submetido ao órgão regulador dos mercados financeiros da França (AMF).
A decisão acompanha a estratégia traçada pela multinacional há cerca de quatro anos, quando o grupo definiu a área de construção como seu foco de atuação. Nessa época chegou a cogitar a venda do braço de embalagens. Agora, a decisão de vender parte das ações da unidade gera uma nova possibilidade para a empresa. “Progressivamente, no futuro, vamos ganhando autonomia. Um dia pode ser que a Saint-Gobain deixe de ser majoritária e talvez possa deixar a companhia”, diz Fessard, enfatizando que a iniciativa não tem relação com quaisquer problemas financeiros do grupo. “A decisão é puramente estratégica”, completa.
Segundo ele, a abertura de capital está baseada nos bons resultados da área de embalagem, que hoje representam 14% do lucro e 9% das vendas do grupo, cujo faturamento alcançou € 40 bilhões no ano passado. Entre 2009 e 2010 as vendas da área de embalagens passaram de € 3,445 bilhões para € 3,553 bilhões. A empresa tem operações em 13 países e a região da América do Sul – composta pela Argentina, Brasil e Chile – representou 8,5% desses resultados em 2010.
Já o lucro antes de juros impostos, amortização e depreciação (Ebtida, na sigla em inglês) do segmento saiu de € 657 milhões para € 669 milhões.
No Brasil, o braço de embalagens da multinacional francesa é chamada Saint-Gobain Vidros e opera com cinco fábricas. Por aqui, a área engloba, além dos potes e garrafas de vidro, os negócios de utilidades domésticas, como a Santa Marina, dona da marca de assadeiras Marinex. O grupo tem várias áreas de atuação no país, desde construção até vidros para o setor automotivo.
Fonte: valor