Tecnologia que deverá substituir as fluorescentes compactas, lâmpadas LED serão fabricadas no país a partir de 2012
O Brasil terá em 2012 a primeira fábrica de lâmpadas LED da América Latina. A Philips pretende começar já no início do ano sua produção própria em Minas Gerais, respondendo à mudança do mercado nacional por modelos mais econômicos e duráveis.
Sigla em inglês para diodos emissores de luz, a iluminação com LED é considerada a tecnologia mais avançada da indústria por dois motivos: chega a 45 mil horas de duração e consome 80% menos energia que as demais. Não é à toa que vem sendo chamada de “a lâmpada definitiva”.
Em entrevista ao Valor, José Fernando Mendes, gerente de marketing e produtos da área de LEDs, afirmou que a operação está em fase final de aprovação.
Alegando proteção contra a concorrência, a multinacional afirma apenas que pretende investir “acima de R$ 10 milhões”, entre investimento direto e capital de giro, em uma nova linha de produção na fábrica de Varginha (MG), onde são produzidos os itens de consumo (eletroeletrônicos) e iluminação. A expectativa da empresa é de geração de 200 empregos diretos. O aporte ainda depende da aprovação da matriz.
Hoje, todas as lâmpadas LED consumidas no Brasil são importadas. A Philips, que sai na frente da concorrência com o anúncio, traz ao país desde 2008 um volume não revelado de suas seis fábricas de LED na China, Índia e Hungria. A unidade brasileira será a oitava da Philips no mundo – a sétima será inaugurada um pouco antes, nos Estados Unidos.
“A meta da Philips no Brasil é crescer 3% acima do PIB. Se olharmos especificamente para o mercado de LEDs, a expansão deverá ser ainda maior”, disse o executivo. De acordo com ele, as lâmpadas LED representam atualmente 10% das vendas da empresa no setor de iluminação. “Mas queremos a liderança do mercado”.
Com crescimento mundial exponencial, as lâmpadas LED têm ganhado terreno rapidamente no Brasil. Mendes afirma que apenas entre janeiro e maio deste ano houve um incremento de 300% na comercialização desses produtos no país. Segundo ele, o avanço tecnológico e o ganho de escala possibilitaram uma redução no preço unitário de 15% – uma lâmpada equivalente a 60 watts, por exemplo, custa R$ 80.
Em um primeiro momento, a Philips se voltará ao mercado profissional – grandes obras, com taxa de retorno de 12 a 18 meses. Em São Paulo, alguns exemplos são o túnel Ayrton Senna e a Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado.
Mas a empresa não esconde que estica os olhos para o mercado residencial. “O modo de produção das lâmpadas profissionais e residenciais é o mesmo, mas só vamos começar quando [a LED] cair no gosto do brasileiro”, disse Mendes. Uma das diferenças está na durabilidade. “A profissional dura até 45 mil horas. Para as residências não há necessidade de tudo isso, então são 25 mil horas”. Qualquer que seja o perfil, é muito mais do que há disponível hoje. Lâmpadas incandescentes duram apenas mil horas. Fluorescentes, até 3 mil.
A fábrica de Varginha não produzirá todos os componentes. Isso porque o diferencial das lâmpadas LED em relação às demais é presença de um semicondutor, de custo muito mais alto. Os semicondutores serão importados das plantas chinesas, onde é possível ter escala e fazer barato.
A corrida pela tecnologia envolve todo o setor de iluminação. A GE, uma das principais rivais mundiais da Philips, anunciou recentemente um investimento de US$ 20 milhões em uma fábrica de LED no Brasil, a pendência é data e localização da unidade fabril.
Esse interesse crescente está diretamente ligado às legislações de vários países que passaram a proibir o uso das velhas lâmpadas incandescentes, criadas por Thomas Edison há mais de um século. Com vida útil relativamente curta, alto consumo energético e o legado do mercúrio após o descarte, elas tornaram-se obsoletas numa realidade que exige cuidados com os recursos naturais.
Nos últimos cinco anos, ao menos 15 países adotaram um cronograma de descontinuidade desses modelos – incluindo Canadá, Estados Unidos, México, Argentina, Colômbia e Equador.
Os especialistas sabem que, inicialmente, o consumidor substituirá incandescentes por fluorescentes compactas. Mas no longo prazo o LED deverá ser a tecnologia padrão. Por isso, a indústria de iluminação tem pressa.
Fonte: Valor