Empresa deve atuar apenas com copos e taças através de duas linhas, Oxford Crystal e Cristaleria Pomerana
Depois de anunciar a entrada no segmento de porcelanas, em fevereiro deste ano, a Oxford, com sede em São Bento do Sul, anuncia a aquisição da Cristaleria Pomerana e planeja expansão de sua linha de cristais. A empresa, situada em Pomerode, no Vale do Itajaí catarinense, tem capacidade para fabricar 5 mil peças por ano e potencial de faturamento de R$ 6,3 milhões em 2011. O valor da compra não foi informado.
A Oxford, que atua desde 1953 no mercado de louças de mesa e ficou conhecida por seus produtos em cerâmica, deve faturar este ano R$ 130 milhões, uma alta de 17% sobre 2009. Para 2011, prevê um crescimento de 23%.
Segundo Volney Domingues, presidente da Oxford, há três anos a empresa iniciou a produção de uma linha de copos e taças de cristal. À época, os produtos eram fabricados pela Cristais Hering, de Blumenau, e complementavam o mix, sem representar percentual significativo da receita. Com a paralisação das atividades da Hering em 2009, a Oxford ficou seis meses sem fornecedor das peças.
“Buscamos uma nova fornecedora e chegamos à Cristaleria Pomerana. Percebemos que se assumíssemos a operação, os custos melhorariam e poderíamos ter um produto mais competitivo”, explica Domingues. Segundo ele, a Oxford viu uma oportunidade em um setor que vem encolhendo há algumas décadas. A empresa vai atuar com duas linhas, a Oxford Crystal e a Cristaleria Pomerana.
Com a paralisação da Hering, só a Cristaleria Strauss, também de Blumenau, e a Pomerana fabricam cristal com 24% de chumbo. O produto permite uma lapidação mais delicada, é mais branco e mais valorizado que outros cristais.
O setor esbarra no crescimento dos importados. Conforme dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex), de janeiro a novembro foram importados US$ 50,7 milhões em produtos de cristal, 36% mais do que em igual período de 2009. No mesmo intervalo, foram exportados US$ 55,8 milhões, o que representou aumento de 12,5%.
Segundo Domingues, o brasileiro não tem “cultura de mesa” para reconhecer as diferenças entre um vidro fino e o cristal. De acordo com ele, o cristal é um material mais flexível, o que permite que as peças sejam lapidadas com diferentes desenhos. O vidro é mais duro e não pode ser lapidado.
A Oxford pretende atuar apenas em copos e taças, deixando de lado objetos de decoração. A ideia é lançar em março uma linha para sommeliers e enólogos, mais técnica, e outra voltada para o serviço de mesa e presentes finos.
Até o fim do ano, a Oxford deve reprojetar o design da fábrica em Pomerode. Segundo Domingues, a intenção é buscar na Europa a técnica de trabalho em “overlay”, que permite acrescentar uma camada de cristal colorida às peças.
A meta é conquistar também o mercado internacional, especialmente europeu, com 10% da produção. O continente é o principal mercado mundial de cristais. Entre as principais empresas, a Riedel, da Áustria, se destaca pela fabricação de taças de vinho.
A aquisição da Cristaleria Pomerana representa, para a região do Vale do Itajaí, a manutenção de uma forte cultura regional. A produção de cristais a sopro, que tem mais de um século de tradição, estava sendo drasticamente reduzida. “Queremos investir e avançar nesse mercado, preservando o talento profissional e artístico das pessoas que produzem os cristais e incentivando a manutenção dessa forte cultura econômica”, afirma Domingues.
Atualmente trabalham na fábrica 40 funcionários, a maioria artesãos especializados na fabricação de cristais a sopro. A Oxford planeja ampliar o quadro de empregados, com a contratação de mais 30 pessoas.
Fonte: valoronline