O sol é o limite para os painéis solares chineses

Subsidiados pelo governo e apoiados pela forte economia, os chineses têm contribuído para a queda do preço dos painéis solares

A JA Solar, em Xangai, até o fim do ano aumentará seus postos de trabalho de 4.000 empregados para mais de 11 mil

O Vale do Silício sonhou em reinventar a tecnologia de transformação da energia solar usada para fazer painéis solares, através do corte radical dos custos de produção. Mas,  as companhias fundadas pelos veteranos da alta tecnologia, descobriram que essa indústria já passou por transformações. Industriais chineses, fortemente subsidiados pelo seu próprio governo e apoiados numa economia de alta escala, têm contribuído para a queda do preço dos painéis solares convencionais e controlado uma generosa fatia do mercado mais rápido do que o previsto.

Os construtores de painéis solares chineses agora produzem para 40% do mercado Californiano, o maior dos Estados Unidos nesse tipo de energia, e para a maior parte do mercado europeu, de acordo com a Bloomberg New Energy Finance, uma empresa de investigação.

“Nós crescemos todos os anos”, disse Fang Peng, executivo da JA Solar, em Xangai. “No fim do ano, vamos ter 1.8 gigawatts de capacidade e cresceremos de 4.000 empregados no começo deste ano para mais de 11 mil.

Em comparação, a Silicon Valley´s Solyndra espera ter uma capacidade de produção total de 300 megawatts no final de 2011.

“O mercado solar mudou muito, o suficiente para fazer-nos chorar”, disse Joseph Laia, executivo da MiaSolé.

Os desafios vêm apesar do extenso apoio público e privado. Solyndra, uma das maiores empresas do setor, obteve mais de US$ 1 bilião de investidores. O governo federal forneceu um empréstimo de US$ 535 milhões para a nova fábrica de painéis solares da empresa. Mas, enquanto tal estrutura da Solyndra está em construção, a competição dos chineses ajudou a derrubar o preço dos módulos solares em 40%. Solyndra aumentou os seus esforços de marketing para vender a imagem de que os seus painéis, apesar de mais caros, têm custo benefício maior, já que considera as taxas de instalação no preço.

“Isso coloca mais pressão para derrubar os custos de produção”, disse Bem Bierman, vice-presidente de operação e engenharia da Solyndra.

O crescimento rápido dos chineses está a fazer com que investidores tenham receio de começar novos negócios na área.

No terceiro trimestre de 2010, o investimento em companhias solares dispencou para US$ 144 milhões, bem distante dos US$ 451 milhões do mesmo trimestre do ano anterior, de acordo com o Grupo Cleantech, uma empresa de pesquisas de San Francisco.

Empresas que fazem células fotovoltaicas usando elementos como cobre, índio, gálio e seleneto, ou CIGS, estão a ser particularmente prejudicadas.

Ao contrário das células solares convencionais, feitas de silício, células CIGS podem ser depositadas em vidro ou materiais flexíveis. A promessa das novas células solares era que podiam ser mais baratas. Mas produzir células CIGS em larga escala é um desafio.

Enquanto empresas trabalham nesse problema, preços do silício caem, e as empresas chinesas rapidamente expandem a produção de painéis solares convencionais.

Arnos Harris, executivo da Energy Recurrent, empresa que desenvolve energia solar em San Francisco, disse que assinou um acordo de fornecimento com a Yingli Green Energy, que recebe subsídios do governo chinês, porque a empresa oferece preços baixos, produtos de qualidade e possibilidade de financiamento.

A competição chinesa fez com que algumas companhias do Vale do Silício perseguissem novas estratégias para sobreviver.

A Innovalight desenvolveu uma nova ideia, algo que chama de “tinta de silício“, que aumenta a eficiência da célula solar. Os executivos da Innovalight decidiram que, em vez de competir com os chineses, poderiam negociar a patente com eles e evitar o investimento de centenas de milhões de dólares para construir fábricas.

Fonte: pelanatureza