Mesmo após ano incerto para indústria de embalagens de vidro, Owens-Illinois decide realizar novos investimentos no país
Após um ano marcado por oscilações na demanda da indústria de embalagens, a fabricante de vidros Owens-Illinois aposta no Brasil e estuda a construção de uma nova fábrica no país. Segundo revelou o diretor de vendas da subsidiária brasileira, Ricardo Leonel Vieira, a matriz deve anunciar nos próximos meses os novos investimentos.
“A empresa precisa investir em novas capacidades para acompanhar o potencial do mercado”, afirmou Vieira. A multinacional americana – uma das maiores produtoras do mundo de embalagens de vidro – está confiante no crescimento do setor no Brasil, principalmente com os eventos que o país vai abrigar, como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo.
De acordo com Vieira, há planos para a expansão de unidades já existentes e a multinacional está realizando ainda um estudo para definir um projeto “greenfield” – construído a partir do zero – no país, que deve logo ser anunciado pelo presidente executivo global do grupo, Al Stroucken.
“O estudo está adiantado. Mas não há ainda uma projeção sobre o início do projeto”, afirmou Vieira. As análises deverão mostrar a melhor localização para a nova unidade, além da categoria em que a empresa poderá focar sua expansão. “A empresa deve experimentar os benefícios que os eventos que ocorrem no Brasil trarão”, completou Vieira.
A subsidiária brasileira atua como fornecedora de embalagens de vidro para os segmentos de cerveja, de bebidas alcoólicas e não alcoólicas, de alimentos e farmacêutico. Além disso, produz vidros para a área de utilidades domésticas. Cervejas e alimentos, juntos, representam metade do faturamento da companhia. Grande parte da outra metade dos resultados vem de bebidas não alcoólicas e alcoólicas.
A decisão de realizar novos investimentos no país veio depois de um ano incerto para a indústria de embalagens. No primeiro semestre, a produção física do setor cresceu cerca de 3%, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Embalagens (Abre). Enquanto nos três primeiros meses do ano, a taxa de crescimento ficou em 5%, no segundo trimestre caiu para 0,98%.
“O mercado oscilou muito neste ano. Os setores de alimentos e bebidas tiveram altos e baixos. O cenário global e a inflação trouxeram incertezas”, afirmou Vieira. No terceiro trimestre, segundo o executivo, houve uma certa recuperação, o que gerou uma “corrida” por envase, já que as empresas tinham revisado para baixo as projeções e não esperavam a demanda registrada. “Houve um descasamento entre o que foi projetado e o que precisavam”, contou Vieira. As estimativas da Abre apontam alta de 1% na produção brasileira de embalagens neste ano, sendo que em 2010 o avanço foi de 10%.
Mesmo nesse cenário, a Owens-Illinois projeta crescer três vezes mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, ou seja, algo em torno de 10%. A subsidiária brasileira representa 50% dos resultados da América Latina, cuja receita somou US$ 660 milhões no ano passado. São cinco fábricas no país: em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Vitória e Fortaleza. O faturamento global da companhia somou US$ 6,6 bilhões em 2010.
Segundo Vieira, a companhia tem se beneficiado, entre outras coisas, da característica de sustentabilidade do segmento do vidro, tendo um foco grande na reciclagem de materiais. Neste ano, a subsidiária teve que formar estoque de produtos importados de outras filiais para sustentar o crescimento das vendas, o que implicou sobrecustos e uma maior complexidade das operações. “Nossas operações estão em plena capacidade. Mas conseguimos viabilizar o crescimento da procura”, disse.
A múlti tem ampliado os investimentos no país. Em setembro de 2010, comprou os ativos da CIV (Cia. Industrial de Vidros), do grupo pernambucano Cornélio Brennand, por US$ 603 milhões. A estratégia foi elevar a presença no Brasil, indo para o Nordeste, região de alto crescimento. “A América Latina, em geral, é um mercado que está se sofisticando e tem alto potencial de crescimento em nichos de valor agregado”, disse.
Fonte Valor