Governo lança edital que visa transformar ministérios em edifícios sustentáveis

Reformas manterão aparência externa dos blocos, mas planos de eficiência energética e implantação de vidro solar estão cotados

O governo federal quer transformar todos os prédios da Esplanada dos Ministérios em edifícios sustentáveis. No “Diário Oficial” de hoje, está prevista a prorrogação para 2 de fevereiro da entrega de projetos para construção de prédio anexo e restauração do Bloco K, que abriga o Ministério do Planejamento. O bloco K será o projeto piloto para a reforma geral.

As obras, ainda sem prazo definido, serão tocadas por meio de Parcerias Público-Privadas (PPP)e os empreendedores vencedores das licitações receberão como pagamento do governo terrenos no Distrito Federal, explica Paulo Safady Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). “Queremos trazer os 16 prédios para a modernidade”, afirma ele. A CBIC foi a autora da sugestão de revitalização dos prédios para o governo.

Para Simão, a transformação da Esplanada em um ambiente de edifícios “verdes” seria um grande estímulo para o desenvolvimento da construção civil sustentável no país e no mundo.

As reformas deverão manter a aparência externa dos blocos da Esplanada, projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer, mas transformando as dependências internas, que têm mais de 50 anos de construção. “Aqueles prédios são bombas-relógio”, diz Simão, referindo-se à estrutura elétrica e outras precariedades dos blocos, construídos para a inauguração de Brasília, em 1960.

Nos itens chamados “sustentáveis”, os arquitetos poderão sugerir, por exemplo, estratégias de reuso de água e eficiência energética, e alterações como implantação de vidros que retêm raios solares e ajudam a não aquecer o ambiente ou tintas laváveis, que reduzem a necessidade de novas pinturas. “São coisas relativamente simples”, diz Simão.

Além de reformados os 16 blocos, está prevista a construção de sete prédios anexos desenhados inicialmente por Niemeyer, que não foram devidamente construídos na Esplanada na construção da Brasília. O bloco K, por exemplo, será o primeiro a receber um anexo construído.

Nas contas de Simão, a revitalização de cada bloco já construído custará cerca de R$ 60 milhões, a construção de prédios anexos, quando necessário, vai custar por volta de R$ 140 milhões. Os projetos, porém, deverão prever contrato para serviços de manutenção, operação de infraestrutura e gerenciamento dos imóveis por 15 anos, o que custaria algo superior a R$ 100 milhões também, prevê Simão.

Nessa conta, que prevê 16 revitalizações – com nome técnico de retrofitagem -, mais 16 contratos de manutenção e construção de sete novos prédios anexos, o total seria de cerca de R$ 3,5 bilhões para revitalização total da Esplanada dos Ministérios.

Os valores exatos, porém, deverão constar das propostas que serão apresentadas pelos grupos interessados até o dia 2 de fevereiro. Entre os escritórios interessados, estaria o do próprio arquiteto Oscar Niemeyer.

O projeto escolhido vai estruturar o termo de referência da PPP Esplanada Sustentável. Os documentos para apresentação de propostas de pessoas físicas ou jurídicas estão no site exclusivo do Comitê Gestor de PPP do Ministério do Planejamento.

Por Danilo Fariello

Fonte: iG