Guardian desafia seis designers de renome. O resultado é uma inspiradora associação de ideias e a concepção de peças exclusivas em vidro.
A designer gaúcha Ilse Lang propôs uma cadeira estruturada em vidro e tarrafa de pescar.
A Guardian, empresa norte-americana de vidros e espelhos, com fábrica no Brasil, lançou um desafio a um grupo de seis designers para o desenvolvimento de peças assinadas que tivessem como matéria-prima o vidro e o espelho.
Com curadoria da crítica de design e jornalista Maria Helena Estrada, foram convidados os designers Guinter Parschalk, Guto Requena, Ilse Lang, Jum Nakao, Sérgio Rodrigues e o Studio MK27, com projeto de Marcio Kogan e Suzana Glogowski. O resultado foi a concepção de propostas criativas na aplicação de produtos Guardian em espelhos, móveis, vasos, quadros e luminárias.
A ideia surgiu logo após a decisão de montar uma loja conceito em São Paulo. “Sugeri que tivéssemos uma coleção de produtos Guardian destinados ao consumidor final. Dessa forma, teríamos um contato maior com toda a cadeia produtiva.” Foi assim que Fernando Laydner, Gerente de Marketing da empresa, criou o Desafio Guardian de Design. O projeto foi desenvolvido por André Ferraz, responsável pela coordenação de marketing, que fez a ponte com os designers e acompanhamento da produção das peças.
“A filosofia de trabalho da Guardian tem total sintonia com minha opinião sobre o papel do design: oferecer soluções que tragam mais qualidade de vida para as pessoas”, afirma Maria Helena Estrada, curadora do projeto. “Vislumbrei aqui a possibilidade de praticar o famoso “think out of the box” e convidar profissionais cujos trabalhos eram referência em seus setores, mas que trafegavam por caminhos completamente diferentes entre si. Outro ponto que me atraiu foi que este projeto não tem qualquer caráter competitivo nem aponta vencedores. Ao contrário: apenas celebra o design, a pesquisa, a ousadia de cada um dos convidados.”
O resultado do projeto Desafio Guardian de Design foi exposto no Brazil S/A, evento que aconteceu em Milão, durante o Salão do Móvel, e na CasaCor São Paulo. As peças terão produção limitada e seriada, e serão comercializadas no Brasil, em lojas de decoração e, em breve, na Casa Conceito Guardian, na alameda Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo, onde será inaugurado o primeiro showroom da empresa.
Ao estabelecer um diálogo entre materiais, Ilse Lang define um caminho estético. A cadeira Tarrafa e a mesa Pororoca nasceram da transparência do UltraClear - o vidro mais transparente da Guardian, com menos óxido de ferro na composição, e a possibilidade de ser curvado e temperado. A mesa Pororoca é uma escultura onde duas partes se unem em ondas, como no encontro das águas que lhe dá nome. (Foto: Paulo Falcão)
Já na cadeira “Tarrafa”, o diálogo de materiais aqui surge com o vidro assumindo o papel estrutural, deixando a rede virtualmente solta no ar. (Foto: Paulo Falcão)
Guinter Parschalk criou duas peças para o Desafio Guardian de Design: o espelho Brilhantina e a luminária Caleidoscópio Geodésico. Com moldura em madeira frisada na cor laranja, o projeto do espelho Brilhantina faz uma releitura dos tradicionais espelhos populares brasileiros. É totalmente produzido em vidro cristal, com iluminação integrada no próprio espelho Guardian. O conjunto mede 0,9 X 1, 2 m. (Foto: Paulo Falcão)
Já a luminária Caleidoscópio Geodésico, como o próprio nome diz, é composta por um módulo geodésico que permite inúmeras combinações formais, seja como plafon, pendente, arandela ou abajur de mesa. Tendo as faces internas em espelho Guardian, gera um efeito caleidoscópico, refletindo e compondo imagens que variam conforme o ângulo de observação. Com fonte de luz em LED, apresenta a possibilidade de inúmeras configurações, seja com luz branca, coloridas ou RGB. A partir dos reflexos é possível trabalhar as dimensões e frequências de luminosidades nas diferentes áreas do espelho e a partir daí criar interação com a peça. (Foto: Paulo Falcão)
Os quadros idealizados por Jum Nakao são fiéis à sua obra como estilista: trafegam por diversas tradições estéticas, mesclam materiais e trazem o impacto da ruptura, da fragmentação e da instabilidade para o observador. Na obra “Awake – dream”, um lapso de tempo é capturado entre o sonhar e o despertar: estilhaços da cristalina fragilidade do vidro flutuam sobre a palavra Dream. (Foto: Paulo Falcão)
A mesma linguagem está presente na inusitada obra “Awake - Mona Lisa”, estabelecendo um diálogo perfeito. O conjunto evoca o inverso do sonho que ali repousa e que pode literalmente ser visto pelo avesso, graças à reprodução em vidro laminado. Nas palavras de Jum, “o gesto desperta um olhar profundo, capaz de atravessar a superficialidade e fazer emergir novos sentidos antes adormecidos pelas certezas”. Num único gesto, segundo ele, os painéis “estilhaçam nossas vendas e nos convidam a atravessar o plano estético das nossas leituras sobre o entorno. Novas espacialidades surgem a partir da fragmentação dos olhares. Um convite para traçarmos novas trilhas do pensamento sobre o mosaico de fragmentos de nossas velhas memórias.” Medidas: 1,20 x 1,70 cm. (Foto: Paulo Falcão)
No processo de criação de quatro modelos de vasos, produzidos a partir de vidros especiais Guardian reciclados em processo de sopro, Guto Requena foi buscar referências de memórias afetivas, unidas à tecnologia digital e à produção artesanal. Guto gravou quatro contos da literatura inglesa contadas por sua avó materna, Dona Therezinha Joly - fábulas que fizeram parte de sua infância (O vento e o sol; A carriça e a coruja; A pombinha e a formiga; Uma festa no céu). Esses contos foram gravados por um smartphone e criou-se um aplicativo intérprete de áudio. A partir daí, Requena converteu os arquivos de áudio em formas 2D e 3D (cada história gerou um desenho), a partir do quais fez um estudo de formas para chegar ao tamanho final dos vasos. Foram realizados diversos estudos, em variados softwares, utilizando diferentes parâmetros para a criação dos vasos. Assim, a mesma história/áudio poderia gerar mais de um tipo de vaso. O designer escolheu a solução mais fiel à linha original do áudio. Com os desenhos prontos, foi feito um molde produzido artesanalmente em metal para o processo de sopro em vidro – a produção é da Oficina de Vidro Zero 1, de São Paulo, uma família vidreira do bairro do Belenzinho, com tradição em sopro desde 1926. (Foto: Paulo Falcão)
Simplicidade e estranhamento definem esta escultura que combina moldura em madeira e dois produtos Guardian: ao fundo, espelho Guardian de 6 mm aplicado com um ângulo de 10 graus. Fechando a moldura, vidro ClimaGuard Light, de 10 mm. O resultado cria uma reflexão equívoca, que desloca o eixo de visão e cria um interessante efeito decorativo. A obra recebeu dos criadores o nome de Espelho Diplópico, termo que no linguajar oftalmológico define a dupla visão. (Foto: Paulo Falcão)
Sérgio Rodrigues, considerado um dos grandes expoentes do design nacional, assina a luminária Stella, um exercício de volumetria e mistura de materiais. Forma e função, como sempre são a essência do trabalho deste mestre. A combinação e reflexos e transparências, de claro e escuro, criam um jogo visual forte, masculino. A peça é composta de cinco blocos de cristal Ebony Diamondguard, versão 2.0, de 19 mm, com aplicações de espelhos Guardian - um redondo de diâmetro de 12 cm e um quadrado de 10 cm. A haste que sustenta a cúpula de acrílico laranja fosco é um tubo de aço inox de ½ polegada – as lâmpadas são de LED. Como acabamento, na ponta superior, a luminária conta com uma esfera de diâmetro de 6cm em jacarandá. Medidas: 25x29x50 cm (Foto: Paulo Falcão)
