Pesquisa da ABRABLIN revela São Paulo na liderança em blindagem automotiva, mas esta proteção vem se descentralizando do eixo Rio-São Paulo
O segmento de blindagem automotiva bateu recorde no país em 2010. De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Blindagem (ABRABLIN), 7.332 veículos receberam esse tipo de proteção no ano, um aumento de 5,86% na comparação com 2009, quando 6.926 carros foram blindados.
“A pesquisa revela que a sensação de insegurança, juntamente com o aumento da criminalidade, foi o grande motivador do cidadão na busca pela proteção blindada. O levantamento mostra também que esse tipo de proteção vem se descentralizando do eixo Rio-São Paulo, consequência do aumento da violência em outras capitais do país. Tal fato, somado à melhora na economia, resultou no número recorde de blindagens”, explica Christian Conde, presidente da ABRABLIN.
A blindagem mais praticada no mercado é a de nível III-A, que suporta até tiros de pistolas 9mm e revólveres .44 Magnum. “Esse nível de proteção é o mais adequado a atual realidade enfrentada nos grandes centros, pois garante proteção contra as maiores ameaças de armas curtas de fogo (revólveres, pistolas e submetralhadoras) existentes nas mãos da criminalidade”, diz o executivo da entidade.
No ranking dos estados com maior incidência de blindagem, São Paulo segue na liderança, com 66%. Rio de Janeiro veio em segundo lugar, com 20%, seguido por Pernambuco e Paraná, com 3% e 2%, respectivamente. Os outros 9% desse universo blindado estão distribuídos entre os estados da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará e Rio Grande do Sul.
A pesquisa da entidade também revela o perfil do usuário de blindagem em 2010. A maioria (65%) continua sendo composta pelo sexo masculino. Desse universo, 22% estão na faixa etária que vai de 50 a 59 anos. Já com relação às mulheres usuárias da proteção balística (35%), a maior parcela, ou 30%, está na faixa de 40 a 49 anos. Do universo total dos usuários, 85% são executivos/empresários; artistas/cantores, 3%; juízes, 3%; políticos, 2%; outras ocupações (7%) completam o perfil.
Entre os carros mais blindados no ano passado, de acordo com a ABRABLIN, o Corolla, da Toyota, foi o campeão – o que acontece desde 2004. O Santa Fé, da Hyundai, e a Freelander, da Landrover, além do modelo Hillux SW4, da Toyota, também figuram no rol dos veículos mais blindados.
A pesquisa foi feita com a participação de 31 blindadoras filiadas à entidade, que representam 75% da produção total de veículos blindados no Brasil.
Valor da blindagem
O custo médio para se blindar um veículo em 2010 foi de R$ 47.900,00. O valor é estimado porque a definição do preço desse tipo de serviço varia em decorrência de cinco fatores.
O primeiro item de diversificação de valores se refere ao nível da blindagem. Quanto maior o nível de proteção, mais caro fica o serviço. O mesmo ocorre em relação à área a ser blindada. A de um carro maior é mais onerosa do que a de um carro pequeno, onde a área a ser protegida é menor.
O tipo de material utilizado é o terceiro fator. Uma blindagem onde se utiliza mais aço tende a ser mais barata do que uma produzida majoritariamente com mantas de aramida. “Porém, há de saber que o aço deixa a blindagem mais pesada, desgastando mais rapidamente algumas peças do veículo”, afirma Conde. A procedência desse material também influencia no valor do serviço. Um vidro importado, por exemplo, pode ser mais caro que um nacional, mesmo havendo, no Brasil, produtos com qualidade equiparada. O projeto de blindagem e o know-how da blindadora e de seus profissionais complementam o rol de diferenciação do preço.
“É importante que sejam vistos cada fator no processo de escolha da empresa que realizará a blindagem do veículo. Mas, vale lembrar que a garantia de segurança deve ser o fator primordial nesse processo de seleção. Só então se deve analisar o preço como ponto decisivo”, alerta o presidente da ABRABLIN.
Processo de blindagem
O processo de blindagem automotiva é complexo e envolve mão de obra especializada. Para a instalação dos materiais, é preciso que algumas partes do carro sejam desmontadas. O nível de blindagem é o que determina as características dos vidros, painéis balísticos e chapas de aço a serem usados. Esses materiais são preparados e moldados de acordo com cada tipo de veículo.
Algumas partes recebem atenção especial, como a junção das portas com as bordas dos vidros, onde deve ser previsto o recobrimento de aço. Concluída a instalação dos materiais, o revestimento interior é recolocado no veículo para que o acabamento mantenha a aparência original. O processo completo de blindagem demora, em média, 30 dias. “Cada blindadora tem um projeto específico. O mais importante é que tanto parte opaca (lataria) quanto a parte transparente (vidros) recebam a proteção, lembrando que a blindagem parcial é terminantemente proibida pelo Exército”, diz Conde.
Fonte: Associação Brasileira de Blindagem – ABRABLIN