Tecnologia de tela plana tornou obsoleta e sem nenhuma rentabilidade a reciclagem dos tubos de vidro, fazendo a demanda pelo serviço despencar.
Uma recente matéria publicada no NYTimes relatou o total desinteresse e abandono por parte das empresas de reciclagem da Califórnia, EUA, no descarte correto dos monitores e televisores velhos, um cenário que vem se repetindo em muitos países, inclusive no Brasil.
Isso porque, segundo os próprios empresários do ramo, a tecnologia de tela plana tornou obsoleta e sem nenhuma rentabilidade a reciclagem dos tubos de vidro, fazendo a demanda pelo serviço despencar.
Mas o problema é que a falta de interesse comercial na reciclagem destes componentes eletrônicos vem gerando pilhas de entulhos tóxicos, com risco de causar até mesmo acidentes.
Técnicos do Meio Ambiente alertam que os tubos CRT (tubos de raios catódicos) carregam resíduos altamente tóxicos como chumbo e fósforo, capazes de contaminar o meio ambiente e também o ser humano, provocando intoxicação. Outro problema é que esses tubos podem “explodir” e ferir quem passa pelo local com os estilhaços de vidro.
Há alguns anos atrás, a reciclagem destes tubos era um negócio rentável, a empresa fazia a descontaminação e o vidro era derretido e utilizado na fabricação de novos monitores.
Mas este panorama mudou e, com a mesma velocidade que o mercado aposentou os antigos televisores, o mercado de reciclagem passou a ter prejuízo com o seu descarte.
Só para ter uma ideia, em 2004, os recicladores dos Estados norte-americanos de Ohio e Nevada recebiam aproximadamente 200 dólares por tonelada de vidro reciclado, para ser usado em novos tubos CRT. Hoje, estas mesmas empresas possuem um custo de mais de 200 dólares para descartarem essa quantidade de vidro.
Um cenário que vem incentivando muitas companhias a armazenarem milhões de monitores em armazéns, aterros e terrenos baldios, uma prática ilegal, que coloca em risco o meio ambiente e a saúde das pessoas.
A indústria de sucata estima que a quantidade de lixo eletrônico mais que dobrou nos últimos cinco anos. Há uma década, havia pelo menos 25 fábricas pelo mundo que utilizavam o vidro dos tubo de raios catódicos para produzir novos tubos. Mas agora, há apenas duas plantas na Índia fazendo este trabalho.
De acordo com um relatório divulgado pelo TransparentPlanet, organização especializada no estudo do lixo eletrônico, somente nos EUA existem cerca de 660 milhões de toneladas de vidro descartados em armazéns. E para reciclá-los, o custo poderia atingir 360 milhões de dólares.