Chip instalado em coletores será capaz de medir a frequência com que materiais recicláveis são depositados
20/09/2010
A cidade norte-americana de Cleveland (Ohio) decidiu incentivar os moradores a reciclarem seu lixo doméstico de uma forma peculiar: irá instalar latas de lixo “inteligentes” nas casas de 25 mil famílias e fiscalizar quem está jogando seus resíduos nos locais adequados. Mas não pense que a atitude é voluntária. Quem não colaborar com a iniciativa pode levar uma multa de US$ 100,00.
O programa funciona da seguinte forma: um chip instalado em cada coletor é capaz de medir a frequência com que o lixo é depositado no local.
Caso os donos da casa deixem de jogar seus materiais recicláveis no recipiente adequado por algumas semanas, um representante da prefeitura irá revistar seu lixo normal em busca de recicláveis.
Big Brother
Caso o funcionário encontre mais de 10% de matérias como papel, plástico, vidro e metal misturados ao lixo comum, o morador poderá ser multado.
A medida é baseada na ideia de que, se os moradores não estão jogando os materiais recicláveis no local adequando, é porque não os estão separando corretamente.
Com isso, essa espécie de “Big Brother da coleta seletiva” pretende reverter o quadro da reciclagem da cidade, que em 2009, enviou 220 mil toneladas de lixo para aterros sanitários e reciclou apenas 5.800 toneladas de materiais.
Além da preservação ambiental
E quem pensa que o motivo que levou a prefeitura a investir US$ 2.5 milhões nos equipamentos foi apenas preservação ambiental, está enganado. Segundo o comissário da coleta de lixo da cidade, Ronnie Owens, a intenção é transformar o que iria para o lixo em verba para o município.
Ele afirmou ainda que Cleveland paga U$ 30,00 por cada tonelada de lixo que precisa ser despejada em aterros, enquanto recebe U$ 26,00 por cada tonelada de recicláveis.
“Nós queremos garantir que a cidade fique limpa”, disse Owens. “O objetivo das multas é ajudar-nos a mudar a atitude ou a percepção dos moradores de como as coisas devem ser feitas”, diz.
O programa da prefeitura, que começou em 2007 com 15 mil casas, pretende atingir 150 mil famílias nos próximos anos. E não é só Cleveland. Em Washington, medida similar também está sendo estudada.
Baixada Santista
Na Baixada Santista, a coleta de recicláveis é pífia. Estima-se que as nove cidades da região reciclem menos de 2% do volume de materiais passíveis de serem reaproveitados.
Porém, mais do que coletar e reciclar esses materiais, especialistas do setor salientam que o importante é criar um círculo virtuoso.
Uma das sugestões é utilizar parte das matérias-primas para capacitação de mão-de-obra. Dessa forma, a madeira recolhida, por exemplo, pode dar origem a oficinas de marcenaria – incluindo até a poda das árvores. Idem com o vidro, plástico e metais.
O vidro, por sinal, tem hoje baixo valor de mercado, fazendo com que os catadores não se interessem pelo material.
Em Brasília (DF), a situação motivou a criação de um curso para artesãos, onde um ladrilho decorativo tem um custo de produção de R$ 5,00 – podendo ser vendido por cerca de R$ 15,00.
Fonte: praiagrande.org.br/