Utilizando materiais recicláveis, alemães projetam casa modular em vidro e madeira capaz de produzir mais energia do que consome
A engenharia alemã tem sido anunciada como inovadora na área de sustentabilidade, e com a ajuda do aclamado arquiteto e engenheiro estrutural, Werner Sobek, parece também estar apostando e investindo em uma tendência de casas pré-fabricadas e auto-suficientes capazes de atender aos três ‘zeros’ da sustentabilidade.
Marca desenvolvida por Sobek, a chamada ‘Triple Zero’, significa: consumo zero de energia, emissão zero de carbono e zero resíduos na construção e desconstrução.
Mas o Ministério Alemão de Transportes, Construção e Desenvolvimento das Cidades (BMVBS), foi além, e está construindo em Berlim a ‘Efficiency House Plus’. O projeto liderado pelo professor Werner Sobek, consiste em uma casa auto-suficiente capaz de gerar energia até para recarregar automóveis elétricos.
“A casa testará soluções energéticas e produzirá toda a energia consumida pelos seus moradores e mais energia para abastecer dois carros elétricos”, contou a diretora do projeto, Regina Weber.
“Deveríamos construir uma casa econômica que produzisse energia para si mesma e para carros, além disso, a casa deveria ser bonita, interessante e confortável para uma família de quatro pessoas morar. Outro aspecto que deveria ser pensado no projeto era uma fachada de vidro para que os interessados pudessem ver como as técnicas presentes na casa funcionam”, disse Christian Bergmann, um dos arquitetos responsáveis pelo projeto.
A grande novidade da casa do futuro é a sua ligação com a rede de energia elétrica. “A energia excedente vai direto para rede de energia elétrica. Como a energia produzida é solar, haverá meses de superprodução e o excesso será como um bônus de energia, que pode ser usado sempre que a produção não for suficiente”, explicou Bergmann.
Outra novidade é o sistema de abastecimento dos carros. “Os carros elétricos poderão ser abastecidos da forma convencional, isto é, ligando eles na tomada, ou através do sistema de abastecimento indutivo, que será testado na casa. Através do sistema indutivo, eles serão recarregados enquanto estiverem estacionados numa plataforma”, explicou Weber. A casa deve consumir 70% da energia que produzirá.
O teto e a parede externa que fica ao sul da casa serão revestidos com painéis solares, que produzem energia elétrica a partir dos raios solares. A casa foi projetada para conservar o calor, evitando assim gastos com aquecimento. Todos os eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos foram escolhidos devido à sua economia de energia.
A grande vantagem do projeto é que ele pode ser construído em qualquer lugar, pois pode ser facilmente montado e desmontado, e ainda pode servir de matéria prima para um novo edifício. “Além de ser eficiente, a casa também é completamente reciclável”, afirmou Bergmann. “Utilizamos materiais que podem ser reciclados e após a sua vida útil ela pode ser desmontada e reciclada.”
Com base de painéis de madeira, a casa pode ser construída e desmontada rapidamente. “Começamos a obra no final de agosto e a previsão para a entrega da casa é final de novembro”, explicou Weber.
A casa de dois andares terá 130 metros quadrados. “A casa tem uma divisão bem clara com relação a sua função. Na frente, onde terá a fachada de vidro, ficará exposta toda a parte técnica da casa. Nos fundos será o espaço para morar”, falou Weber. No térreo há uma cozinha integrada com sala de estar e um lavabo. No andar superior há três quartos e um banheiro. Além disso, cerca de 250 pontos de medição estão espalhados pela casa.
Apesar da ampla fachada transparente, o vidro não restringe a privacidade dos moradores, pois existem paredes dispostas de forma estratégica para não deixar os ambientes de convívio devassados.
O ministério quer testar a eficiência da casa em condições reais e por isso abriu um concurso para famílias interessadas em morar nesse espaço por um período de 15 meses. A família procurada deve ser composta de quatro pessoas, dois adultos e duas crianças em idade escolar. No mínimo um dos pais deve trabalhar fora e possuir carteira de motorista. Além disso, a família interessada em morar na casa vitrine deve estar disposta a receber visitas constantes de pesquisadores e não se incomodar com a presença de curiosos, que certamente pararão na frente da fachada de vidro para observar o funcionamento das técnicas instaladas na casa. Entretanto, apesar da possível perda da intimidade com tantos olhares curiosos e testes, morar na casa terá suas vantagens. A família escolhida vai morar de graça, testará os carros elétricos e todos ganharão smartphones. A concorrência para morar na casa é grande.
“Recebemos 133 candidaturas. O resultado será divulgado em dezembro e a família escolhida deverá se mudar para a casa em março do ano que vem”, declarou Weber.
Segundo o BMVBS, os resultados da pesquisa servirão para diagnosticar a viabilidade econômica desse tipo de construção e para o desenvolvimento de novas tecnologias.
De acordo com o Terra, para escolher o projeto da casa, o BMVBS promoveu no final de 2010 um concurso entre escritórios de engenharia e arquitetura em parceira com universidades. O projeto vencedor foi desenvolvido pelos Institutos de Estruturas Leves e Design Conceitual (ILEK), de Construção em Física, de Ciência do Trabalho e Gestão Tecnológica (IAT) e de Construção Energética da Universidade de Stuttgart, em parceria com a Mercedes-Benz e também com o escritório de arquitetura e engenharia Werner Sobek, autor de outros projetos residenciais auto-suficientes, como a badalada Casa R-128, uma casa modular em vidro e aço capaz de produzir mais energia do que consome.