O vidro já era utilizado desde a antiguidade, mas somente com a descoberta da técnica do sopro na Síria e Alexandria que a indústria do vidro floresceu
Sabe-se que egípcios, sírios, fenícios, assírios, babilônios, gregos e romanos, já realizavam trabalhos com o vidro. Não é possível atribuir a descoberta do vidro a um único povo e a uma única época. Os povos da Mesopotâmia e os egípcios já conheciam as técnicas rudimentares de sua fabricação, em 2700 a.C.(antes de Cristo). Na verdade, em escavações arqueológicas, nas proximidades de Bagdá, foi encontrado um cilindro de vidro azul, datado daquele período. No Egito, foi encontrado um fragmento também azul escuro, uma espécie de amuleto, onde está escrito o nome do faraó Antef II.
A arte do vidro floresceu no Egito no século 1500 a.C. Os artistas, a serviço dos faraós, conheciam a fórmula de uma pasta de vidro maleável, com a qual faziam contas de vidro e adornos pessoais. Algumas destas peças foram encontradas em perfeito estado de conservação. Os egípcios, primeiros a utilizar o vidro na fabricação de embalagens (vasilhas abertas como jarros e tigelas), também produziam recipientes para cosméticos, bálsamo e frascos para perfumes. Entre estes o mais comum era o alabastro, primeiro na forma de tubo, depois em moldes curvos, com duas pequenas alças, no estilo de ânfora grega. No alabastro guardava-se o col, tintura para escurecer as pálpebras e realçar o brilho dos olhos, utilizado por homens e mulheres da antiguidade em todo o Oriente.
Nas tabuinhas de Assurbanípal (668-626 a.C.) descobertas em Nínive, há referências às fórmulas de fabricação de vidro. Na Grécia, foram encontrados vasos de vidro manufaturados com técnicas egípcias. No Egito, na Mesopotâmia, Síria ou Grécia, a produção de vidro na antiguidade exigia grandes esforços dos artistas e operários, na sua maioria escravos. Os elementos básicos de sua composição – cálcio, cal e a barrilha, potássio – eram basicamente os mesmos de hoje, mas produziam vidro opaco e arenoso. Os fornos pequenos, o vasilhame de barro, a dificuldade para conseguir altas temperaturas e atingir o grau de fusão necessário dificultavam as tarefas. Com a técnica de fole aplicada ao forno, introduzida no Egito, conseguiu-se aumentar o calor e assim tornar a massa vítrea mais maleável – mas o vidro, até o séc. VI a.C., era produzido em escala reduzida para uso e adorno exclusivo dos nobres.
A descoberta da técnica do sopro (fabricação de vidro oco – garrafas, potes, copos, bulbos etc.) na Síria e em Alexandria, quando Roma já estendia seu domínio sobre o Oriente Médio, marca um grande momento na história do vidro.
O Vidro no Brasil
A história da indústria do vidro no Brasil iniciou-se com as invasões holandesas no período entre 1624 e 1635, em Olinda e Recife (PE), onde a primeira oficina de vidro foi montada por quatro artesões que acompanharam o príncipe Maurício de Nassau. A oficina fabricava vidros para janelas, copos e frascos.
Com a saída dos holandeses a fábrica fechou. O vidro voltou a entrar no mapa econômico do país a partir de 1810, quando em 12 de janeiro daquele ano, o português Francisco Ignácio da Siqueira Nobre recebeu carta régia autorizando a instalação de uma indústria de vidro no Brasil. A fábrica instalada na Bahia produzia vidros lisos, de cristal branco, frascos, garrafões e garrafas. Ela entrou em operação em 1812. Em 1825, fechou em função das grandes dificuldades financeiras.
Em 1839, um italiano de nome Folco, funda no Rio de Janeiro a fábrica Nacional de Vidros São Roque, com 43 operários italianos e brasileiros, com fornos à candinhos e processo inteiramente manual. A fábrica sofre a concorrência das importações de produtos da Europa, que na verdade eram sobras de consumo vendidas a qualquer preço. Já em 1861, a indústria vidreira brasileira apresenta os seus produtos na exposição nacional na Escola Central, no largo São Francisco, no Rio de Janeiro.
Em 1878, Francisco Antônio Esberard funda a fábrica de Vidros e Cristais do Brasil, na Rua General Bruce, em São Cristóvão (RJ). A fábrica trabalhava com quatro grandes fornos e três menores, e com máquinas a vapor e elétrica. Fabricava vidros para lampiões, janelas, copos e artigos de mesa, importava máquinas da Europa para fabricar garrafas e frascos. O seu cristal era comparado ao da tradicional Baccarat. Ocupava 600 pessoas entre operários e artistas do vidro. A fábrica de Vidro Esberard, esteve ativa até 1940.
Outra fábrica de destacada presença foi a Fratelli Vita, da Bahia, fundada em 1902, que produziu garrafas para sodas e refrigerantes, e cristais de qualidade. Em 1875, um alemão da Renania, Conrado Sorgenicht estabeleceu, em São Paulo, uma oficina para fabricação de vitrais, os primeiros fabricados no Brasil. Em 1922, o imigrante italiano, César Alexandre Formenti abriu um atelier no Rio de Janeiro, criando vitrais para igrejas da cidade.
Até o século XX, a produção de vidro era essencialmente artesanal, utilizando os processos de sopro e de prensagem, sendo as peças produzidas uma a uma. Foi a partir do início do século XX que a indústria do vidro se desenvolveu com a introdução de fornos contínuos a recuperação de calor e equipados com máquinas semi ou totalmente automáticas para produções em massa. Um fato marcante para o setor vidreiro brasileiro foi o surgimento, a partir do final do século passado, de importantes empresas, que ainda hoje dominam o mercado.
Fonte: dihitt