Com curadoria de Hans-Ulrich Obrist e participação de Rem Koolhaas, mostra busca conectar a Casa de Vidro com obras de diversos artistas
De setembro de 2012 a janeiro de 2013, a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, em São Paulo, ícone da arquitetura modernista no país, e residência onde a arquiteta morou por mais de 40 anos com Pietro Maria Bardi, seu marido, será sede de uma exposição onde célebres arquitetos internacionais buscarão conectar suas obras com a famosa construção.
Para apresentar ao público o projeto da mostra, o premiado arquiteto holandês Rem Koolhaas, a designer holandesa Petra Blaisse e o curador suíço Hans-Ulrich Obrist, uma das figuras mais influentes no mundo da arte hoje, realizaram dia 25 de agosto, no Teatro do Sesc Pompeia, em São Paulo (também projeto de Lina Bo Bardi), uma palestra, aos moldes das entrevistas que Obrist conduz com personalidades das artes e das humanidades ao redor do mundo.
“Será uma forma de revisitar essa importante obra de Lina Bo Bardi”, disse o suíço. “A ideia é conectar a Casa de Vidro com obras de diversos arquitetos, artistas e designers, a exemplo de Paulo Mendes da Rocha e Ernesto Neto.”
A exposição terá cerca de 30 artistas, ainda em definição. Todos criarão obras específicas para o local. A ideia é combinar diversas obras no ambiente residencial de Lina Bo Bardi, de autores como Cildo Meireles (Brasil), Paulo Mendes da Rocha (Brasil), Rem Koolhaas (Holanda) e Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, do Sanaa (Japão). Também foram contatados artistas como Douglas Gordon, Ernesto Neto e Dominique Gonzalez-Foerster.
O badalado arquiteto Rem Koolhaas, que fez uma palestra sobre sua trajetória de trabalho e respondeu perguntas da plateia no teatro, revelou que ainda não definiu a obra com a qual irá participar. “Ainda não sei o que vou fazer para a mostra, mas decidi fazer parte do projeto, pois já realizei diversos trabalhos com Hans e confio nos seus projetos.”
O suíço Hans-Ulrich Obrist, curador do evento, ganhou destaque internacional como diretor de programação da galeria Serpentine, em Londres, e foi considerado pela revista britânica “Art Review” a segunda personalidade mais influente das artes plásticas, atrás do galerista americano Larry Gagosian.
“Quando comecei como curador, minha primeira exposição [aos 23 anos] foi numa cozinha. Eu sempre pensei que mostras num ambiente doméstico, com escala íntima, são especiais. E mesmo que eu faça bienais ou exposições em grande escala, nunca parei com mostras desse porte”, disse Obrist.
O curador já organizou mostras na casa do arquiteto mexicano Luis Barragán (1902-1988), em 2002, e na casa do escritor espanhol Federico García Lorca, em 2007, ambas com produção da espanhola Isabela Mora, também envolvida neste projeto.
Concluída em 1951, a Casa de Vidro foi a primeira obra arquitetônica integralmente construída de Lina Bo Bardi. Foi tombada em 1987 pelo Condephaat, como patrimônio histórico, e hoje abriga a sede do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, responsável pela catalogação da obra de Lina, pela organização e conservação da coleção de arte, dos objetos e dos móveis que conviviam com o casal e ali permanecem intactos.