Maior telescópio terrestre do mundo, E-ELT terá espelho primário com diâmetro equivalente a largura de um campo de futebol
Os Supertelescópios são vistos como uma das maiores prioridades da astronomia. Eles são capazes de proporcionar um enorme avanço do conhecimento em diversas áreas da astrofísica.
E desde 2005, o Observatório Europeu do Sul (ESO), em conjunto com a comunidade europeia de astrônomos e astrofísicos, se empenham no projeto de um mega telescópio óptico, com o início das operações previstas para 2018.
Conhecido como E-ELT, sigla para European Extremely Large Telescope, este novo telescópio terrestre será capaz de captar 13 vezes mais luz que os maiores telescópios disponíveis atualmente e produzir imagens até 16 vezes mais nítidas. Existem outros projetos concorrentes, mas a iniciativa europeia provavelmente será a primeira a sair do papel.
Orçado em cerca de 1 bilhão de euros (R$ 2,3 bilhões), o E-ELT será composto por um mega painel de espelhos com tamanho similar a largura de um campo de futebol. O espelho primário, que segundo o desenho inicial teria 42 metros de diâmetro, vai medir 39,3 metros e será composto por mil peças de espelhos hexagonais, o que garante o posto de maior painel do mundo.
O ESO é composto por 14 países. O Brasil será o 15º se o Congresso aprovar o acordo assinado pelo governo no final de 2011. “Esperamos conseguir o sinal verde para a construção em dezembro”, disse Tim de Zeeuw, astrônomo holandês diretor-geral do ESO , durante a 36ª Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira, em Águas de Lindóia (SP). “É complicado porque precisamos que todos os países-membros do ESO concordem. Todos os países parecem dispostos, mas uma coisa é uma conversa informal, outra é ir à reunião e votar favoravelmente”, contou.
Sua construção, prevista para durar dez anos, deverá começar em janeiro de 2012 com serviços de terraplanagem no local da instalação, no topo do Cerro Amazones, no Chile, sendo quase certo que empreiteiras brasileiras entrarão com força total para ganhar a licitação, observou Zeeuw, ressaltando que não é só na construção civil que as empresas nacionais podem concorrer bem no projeto. O Brasil tem um potencial enorme para ganhar contratos em todas as áreas, inclusive em alta tecnologia – avaliou.
O Brasil é o 15º e primeiro país não europeu integrante do ESO, mas a adesão ao consórcio ainda depende de aprovação do Congresso Nacional. Caso seja aprovada, o Brasil deverá desembolsar US$ 400 milhões ao longo de 10 anos, incluindo uma “taxa de adesão” de cerca de US$ 170 milhões. Em troca, além dos benefícios para as empresas, os projetos de pesquisadores brasileiros poderão disputar por tempo de observação nos telescópios em igualdade de condições com os europeus.
A importância deste novo projeto recai sobre a possibilidade de se descobrir a composição dos planetas. Por enquanto, o máximo que se consegue saber sobre corpos celestes como a Terra é a massa e o diâmetro.
A partir do momento em que se puder descobrir a presença de oxigênio na atmosfera, será mais fácil constatar indicativos de vida fora da Terra. O novo telescópio será capaz de visualizar planetas do tamanho da Terra em estrelas próximas.
Saiba mais em www.eso.org