Abrigando a empresa desde 2009, sede administrativa recebe fachada inclinada em volumes fragmentados que configuram um trapézio
A fachada inclinada e o fracionamento em volumes dão originalidade às instalações administrativas da Carglass, empresa que atua no setor de reparos e troca de vidros automotivos. No projeto de André Dantas, Bruno Vitorino e Renato Dalla Marta, do escritório Aum Arquitetos, alternam-se superfícies mais compactas numa face e a permeabilidade em outra, levando em conta a incidência do sol na edificação.
Uma obra feita para o mercado imobiliário, mas com requinte arquitetônico. Essa combinação, não muito comum em circunstâncias análogas, define o edifício que abriga desde 2009 a sede administrativa da Carglass, no Polo Empresarial Tamboré, em Santana de Parnaíba, região metropolitana de São Paulo.
O projeto foi desenvolvido pelo escritório Aum Arquitetos para um fundo de investimentos que, entre outras áreas, aplica recursos em edificações construídas sob medida (build to suit), em geral segundo as especificações de ocupantes que assinam contratos de locação por longos períodos.
No caso da Carglass, informam os arquitetos, o programa os levou a desenvolver uma grande estrutura, de linguagem que consideram semelhante à de um galpão industrial, porém com características que conseguem expressar caráter particular. Aproveitar ao máximo os recursos naturais do terreno e causar o menor impacto no ambiente foram premissas adotadas no trabalho.
“A configuração do lote e a legislação local nos levaram à decisão por uma implantação diferenciada”, argumenta Renato Dalla Marta, um dos sócios do escritório Aum, ao explicar a forma trapezoidal do edifício.
Essa é a razão de, na fachada principal (noroeste), os autores terem fragmentado o volume em cinco partes, geometria que confere identidade à construção. Inclinados, esses módulos são fechados por telhas metálicas do tipo sanduíche em cerca de 2/3 de sua área – na parte inferior o revestimento é de vidro. A inclinação permitiu abrir mão de beirais ou quebra-sóis, lembram os autores.
Foi também essa configuração inclinada que tornou possível abrir na cobertura rasgos para a entrada de luz natural, nos quais os raios solares são filtrados por placas de policarbonato. Situada nessa face, a entrada do prédio é demarcada por uma marquise, acima da qual a área envidraçada é protegida por brise metálico.
No lado oposto do prédio, o desenho mais denso é trocado pela permeabilidade, estabelecida pelas amplas áreas envidraçadas.
Por essa fachada penetra abundante luz natural, mas não calor em excesso, uma vez que ela não recebe radiação solar direta na maior parte do ano. Inicialmente, os vidros especificados possuíam melhores condições de retenção do calor. No decorrer da obra, a especificação foi substituída por material de menor custo, que não apresenta o mesmo desempenho.
A organização espacial interna também foi proposta pelos arquitetos. A área está dividida em dois níveis: um grande salão, que atende todos os departamentos, e, no centro da edificação, um mezanino, onde foi instalado o call center.
No salão, é o mobiliário que faz a separação entre os setores. Presidência, diretoria, gerências e salas de reuniões estão em espaços de pés-direitos simples. Dois volumes fechados, situados nas extremidades do prédio, agrupam sanitários e áreas técnicas.
Fonte: arcoweb