Shopping Salvador utiliza Vidro Solar-E

O empreendimento conta com 12 mil m² de vidro Solar-E produzido pela Pilkington nos EUA

20/09/2010




O Salvador Shopping otimizou a utilização de recursos naturais, especificando em seu projeto arquitetônico clarabóias e fachadas em vidro duplo serigrafado, com câmara de ar hermética, nos locais de insolação mais crítica.

O Shopping Salvador é totalmente planejado e se tornou um exemplo de uso de tecnologia para o conforto dos usuários, o empreendimento conta com 12 mil m2 de vidro Solar-E, um produto de alta performance para aplicação de proteção solar, produzido pela Pilkington nos EUA e importado pela Pilkington Brasil.
Isso permite que o shopping tenha uma fachada belíssima e uma iluminação natural em toda sua extensão, graças à enorme área envidraçada. Como foi construído em dois planos, de um determinado piso o cliente poderá ver as lojas do outro pavimento e vice-versa. E quem estiver dentro poderá ver o shopping como um todo.
O Solar-E é um vidro pirolítico com camada metálica de baixa emissividade. Este processo de produção, on –line, torna a camada metálica mais resistente, pois a mesma é depositada no vidro ainda na linha de produção do float e em conseqüência da baixa emissividade e da reduzida entrada de calor, o vidro apresenta boa performance térmica, o que torna o ambiente muito agradável.
Segundo o Gerente de Desenvolvimento de Produto da Pilkington, Angelo Arruda, as principais vantagens técnicas do Solar-E são a baixa refletividade, a alta transmissão luminosa e o baixo índice de fator solar. “Ou seja é um vidro de alta performance para controle térmico e de luminosidade, mais transparente do que o usualmente utilizado e ideal para fachadas de edifícios”, explica Arruda.

O Shopping Salvador é o primeiro empreendimento no Brasil a utilizar os novos vidros Solar-E. A aplicação dos vidros foi encomendada por André Sá, arquiteto responsável pela obra, e pelo consultor técnico de vidros, Paulo Duarte, que desejavam uma grande área envidraçada, porém, com baixa refletividade e grande entrada de luz natural na área interna. Para atender a demanda, a Pilkington indicou o uso do Solar-E Duplo e do Solar-E Laminado, que oferecem, respectivamente, 25% e 35% de entrada calor no ambiente.

No total são nove coberturas curvas de vidro, projetadas com encontros de vários arcos metálicos que proporcionam transparência e permitem a entrada generosa de luz natural ao conjunto edificado. Foram atendidas, assim, as exigências do empreendedor, que desejava um centro comercial cuja construção resultasse na otimização do consumo de recursos naturais.

A economia obtida com o uso racional de energia elétrica, água e sistemas de telefonia será revertida para os lojistas, através da redução dos custos condominiais. Além da iluminação natural, o shopping center ganhou sistema de automação predial para gerenciamento e controle do uso de energia, que permitirá o acionamento de equipamentos e luminárias por meio de sensores, apenas quando se fizer necessário. A água da chuva será armazenada, filtrada e empregada na descarga de sanitários – esta, por sua vez, terá reduzido em 90% o consumo de água, com o sistema de esgoto a vácuo.

O Salvador Shopping é um mega empreendimento de 111 mil metros quadrados, com 263 lojas, quatro âncoras, megastores e cinemas, servidos por 21 escadas rolantes, elevadores e quatro esteiras rolantes, além de escadas monumentais, produzidas com metal e vidro. “Trata-se da maior obra realizada no país com estrutura mista de aço e concreto”, afirma Carlos Valério Amorim, responsável pelo desenvolvimento de negócios da Codeme, empresa responsável pelo projeto, fabricação e montagem estrutural. Os cálculos das estruturas metálicas – estruturas tubulares das coberturas planas, passarelas e pontes – ficaram a cargo da Enpro.

Coberturas curvas

Em diferentes composições, vidro e estruturas metálicas foram utilizados para coberturas, escadas, pisos e guarda corpos. O edifício tem nove clarabóias de vidro, a principal medindo 56 x 50 metros. Tanto à esquerda quanto à direita desta ficam outras quatro, com 20,80 x 30 metros, 25 x 20 metros, 28 x 20 metros e 15,24 x 40 metros. Nas coberturas e respectivos fechamentos foram utilizados 3.560 metros quadrados de vidro duplo  insulado e 971,79 metros quadrados de vidro laminado de 8mm. Nos lanternins, empregou-se laminado refletivo de 9 mm, num total de 388,80 metros quadrados. Nas coberturas curvas, os painéis de vidro plano, com 2 x 1,80 metros, são facetados nos segmentos.

Com 12 pilares – dez periféricos externos e dois internos -, a estrutura metálica da clarabóia principal conta com pórtico espacial, sendo os elementos principais e secundários constituídos de treliças de seção triangular. Segundo José Luiz Costa Souza, diretor da Enpro, as seções adotadas são tubulares, circulares, vazadas, sem costuras longitudinais, em aço laminado a quente, com tensão de escoamento de 350 megapascals. As seções tubulares variam de 200 a 70 milímetros de diâmetro, enquanto as terças possuem seção retangular vazada.

São quatro pórticos transversais e três vigas contínuas com 50 metros cada, totalizando área de 3 mil metros quadrados. A extensão da viga contínua principal do pórtico é de 60 metros, em dois vãos de 40 e 20 metros. Uma estrutura auxiliar, constituída de caixilhos de alumínio, foi fixada à estrutura metálica, recebendo os quadros de vidro.

No total são nove coberturas curvas de vidro em diferentes composições de vidro e estruturas metálicas

Baixa refletividade

Atendendo às necessidades do projeto arquitetônico, que indicava a criação de grandes áreas translúcidas, porém com baixa refletividade, a especificação dos vidros considerou o clima de Salvador e o posicionamento das fachadas em relação à luz solar. Uma especificação foi preparada pelo arquiteto Paulo Duarte, responsável pela consultoria de fachadas e vidros da obra. O trabalho contou com a colaboração do consultor de ar condicionado Francisco Dantas, da Interplan, que forneceu parâmetros para uma escolha que permitisse transmissão luminosa e, ao mesmo tempo, evitasse a entrada de calor no ambiente interno.

Mesmo durante o dia, informa Duarte, a transmissão de luz do vidro Solar-E proporciona conforto visual, já que não permite luminosidade excessiva. Nos locais de insolação mais crítica – clarabóias e fechamentos das fachadas voltadas para o norte e o oeste -, para reduzir a passagem de luz, foram usados vidros duplos serigrafados, com câmara de ar hermética (VCH). Nas faces leste e sul, com menor incidência da radiação solar, utilizaram-se vidros laminados.

Escada voadora

Desenhada com patamares em balanço, que transmitem a impressão de estarem soltos no ar, uma escada monumental interliga todos os andares. Com estrutura metálica, recebeu degraus e patamares de vidro laminado de 20 mm com PVB opaco. O mesmo material foi aplicado em passarelas e patamares do elevador panorâmico, totalizando área de 900 metros quadrados, segundo Leobaldo Branco, diretor técnico da Tecmon, responsável pela instalação dos vidros. Os pontos de fixação das estruturas da escada localizam-se apenas próximo aos primeiros e últimos degraus de cada lance, onde se apóia a estrutura metálica que parece flutuar no espaço.

A escada voadora, como passou a ser chamada, tem pórtico espacial em balanço, rigidamente ancorado nas suas extremidades. Os seus pilares, que vão do piso térreo ao último pavimento, são metálicos, tubulares, vazados, com 400 milímetros de diâmetro e dez metros de altura. Associados a travamentos projetados, esses pilares funcionam estruturalmente como um pórtico espacial.

A escada foi estruturada com perfis metálicos, circulares, tubulares, vazados, laminados a quente e de alta resistência mecânica, com tensão de escoamento de 350 megapascals. Com estrutura de aço inoxidável, os guarda-corpos foram fixados à estrutura principal da escada por parafusos. Também em inox, chapas posicionadas nos montantes serviram de suporte para a instalação das placas de vidro com o uso de conectores.

Para garantir a segurança dos usuários sem comprometer a estética, no lugar de fitas antiderrapantes nos degraus de vidro optou-se por uma solução simples, porém eficiente: nos perfis em forma de L, onde os vidros são apoiados, foi aumentado apenas um milímetro na aba vertical (quina de descida do degrau), criando-se uma saliência. “Esse pequeno ressalto é suficiente para o usuário não escorregar nem tropeçar”, comenta o consultor Paulo Duarte.

Detalhe do guarda-corpo de vidro laminado estrutural. Os pilares metálicos tubulares da escada têm 400 milímetros de diâmetro e dez metros de altura

Fachada inclinada

Como o shopping center é quase todo em estrutura metálica, adotou-se solução especial para as fachadas, pois, segundo Duarte, não se pode instalar o vidro diretamente no aço, em função de suas ondulações e desalinhamentos. “O vidro exige uma superfície perfeita, e é necessário um elemento de fixação entre ele e o aço, para absorver as pequenas diferenças e imperfeições”, explica. A fixação não deve ser feita com silicone estrutural sobre perfis de aço pintado, pois a adesão não é garantida, ele alerta.

Em trabalho recente, com particularidades semelhantes, Duarte propôs à Alumínio Brasil um conceito a ser desenvolvido para uma linha de perfis delgados e leves, que facilitasse a fixação dos vidros. A resposta daquele fornecedor veio com a Fachada Hangar, criada para o Centro de Convenções da Amazônia e, no Shopping Salvador, detalhada conforme as exigências da obra. Os projetos executivos dos caixilhos foram feitos pela Algrad, de acordo com as indicações do consultor.

O projeto de arquitetura concebeu uma fachada frontal de 2.774 metros quadrados, inclinada em cerca de 18 graus. Como os arquitetos queriam uma solução que empregasse o mínimo possível de ferragens e estruturas, foi utilizado o sistema de envidraçamento estrutural da Pilkington, que dispõe de cabos de aço com ferragens de aço inoxidável, para suportar os vidros, dispensando o uso de caixilhos.

Distanciados dez metros entre si, os pilares estruturais foram utilizados para a ancoragem de pilares metálicos de dez metros de altura, fixados no piso e na estrutura superior da laje, para darem inclinação à fachada. A solução mostrou-se eficiente tanto em relação às exigências de transmissão de cargas, quanto às de leveza, pois as cordoalhas de aço e suas ferragens são os únicos elementos estruturais entre os vãos. O projeto conceitual é da Pilkington em colaboração com o consultor Paulo Duarte, e o cálculo dos elementos metálicos do sistema foi desenvolvido pela engenheira Heloísa Maringoni.

A fachada frontal é inclinada em cerca de 18 graus. São 14 vãos de 10 x 10 mts com o spider glass mod. TG-15i, fabricados pela WALMETAL, cada vão com 25 vidros de 2,0 X 2,0 mts. Para estruturar as fachadas a WALMETAL fabricou hastes especiais em aço inox ancoradas em cabos de aço de 13 mm.

Vidros içados à 40 metros

Um dos grandes desafios da obra foi fabricar e instalar, em apenas 90 dias, 3 mil metros quadrados de caixilhos nas fachadas, 2 mil metros quadrados nos fechamentos verticais e 3,2 mil metros quadrados de fechamentos horizontais na cobertura. Outro, segundo o engenheiro Mauro de Oliveira, diretor da Algrad, foi projetar e construir, em conjunto com a Pórtico Real, um sistema de içamento que permitisse colocar as chapas de vidro – com 28 milímetros de espessura, 1,60 x 2,10 metros e peso de 140 quilos – à altura de 40 metros nos fechamentos verticais e horizontais das coberturas.

Fabricado pelo Departamento de Engenharia da Pórtico Real, o equipamento tem dispositivo multidirecional, que se movimenta nos sentidos horizontal, vertical e transversal, e capaz de executar giros de 360 graus. Com capacidade para 400 quilos e fabricado totalmente em alumínio, foi projetado para trabalhar integrado à estrutura da cobertura, dispondo de tração com redução de cabos de aço e sistema de roldanas, que aumenta a capacidade de carga de uma máquina leve e, a cada volta, duplica a sua capacidade de tração. Assim, permite autonomia de carga como se fosse uma grua.

Dessa forma, foi possível percorrer todos os arcos da cobertura, garantindo a movimentação e posicionamento dos caixilhos”, afirma Rui Ventura do Rosário, diretor técnico da Pórtico Real. Segundo ele, o trabalho foi feito sem quebras de vidros, pois o equipamento possui dispositivos de pega seguros e capacidade superior à exigida. No total, foram utilizadas 30 toneladas de alumínio em perfis com espessuras variando de 1,8 a 2,5 milímetros, em ligas 6.060 e 6.005.

Vidros içados à 40 metros

No piso das escadas foram utilizados perfis em L para receber os vidros com um milímetro de saliência, que confere segurança aos usuários

O Shopping recebeu passarelas com piso de vidro laminado de 20 milímetros com PVB opaco
Detalhe das hastes utilizadas no sistema Spider Glass para fixação dos vidros na fachada inclinada


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