Inaugurado em Biarritz, na França, Museu do Oceano e do Surf é definido por uma imensa área externa e dois volumes de vidro
Realizado em parceria com a arquiteta e artista plástica brasileira Solange Fabião, o projeto do norte-americano Steven Holl para o Museu do Oceano e do Surfe, inaugurado em junho de 2011 em Biarritz, na França, deriva de um conceito que os arquitetos chamam de “under the sky, under the sea”: “sob o céu, no fundo do mar”.
A proposta de Steven Holl e Solange Fabião foi a vencedora de concurso internacional realizado em 2005, que teve finalistas como Bernard Tschumi e o casal Enric Miralles e Benedetta Tagliabue.
Destinado a abrigar um museu para apresentar tanto o surfe quanto o oceano – e o seu papel no lazer, na ciência e na ecologia -, o projeto é definido por uma imensa área externa, que começa na praia e se estende no sentido leste-oeste, e por um conjunto composto de pavimentos subterrâneos e dois blocos externos que reúnem todos os ambientes do programa, como os espaços expositivos.
A convexidade do espaço “sob o céu” define o caráter do pátio externo principal, denominado Place de l’Océan, enquanto um teto estrutural côncavo molda os andares inferiores, área chamada “no fundo do mar”.
Externamente, o projeto se conecta ao relevo local à medida que, desde a orla, estende-se como uma praça em suave aclive. “A integração precisa entre o projeto e a topografia dá à construção uma identidade única”, diz Holl.
O contato com as áreas urbanas lindeiras, por sua vez, é totalmente aberto, mas delimitado por elevações que seguem até a construção central como um imenso pátio, forrado por vegetação rasteira típica da região.
Internamente, a identidade da construção é notada desde o lobby de acesso e as rampas que cruzam os pavimentos subterrâneos e oferecem uma ampla visão da superfície curva da cobertura, animada por projeções de luz e imagens em movimento.
A edificação é definida por dois volumes de vidro que abrigam uma cafeteria e um espaço denominado pelos arquitetos Quiosque do Surfista.
De acordo com eles, a concepção desse conjunto – “o principal elemento da construção” – nasceu de dois rochedos no mar, exatamente na direção da gleba onde está o museu.
“Biarritz é o principal destino de surfe na Europa. A cultura local foi incorporada ao edifício através desses dois blocos, que ligam a construção às duas pedras e configuram a circulação interna”, explica Holl.
Acessíveis pelo lobby que conecta o nível da rua ao museu, os dois blocos de vidro também têm entradas pelo pátio externo, que é o principal ponto de encontro do conjunto, especialmente em sua porção sudoeste, onde uma área foi planejada para a prática de skate com half pipe (rampa profissional em formato de U).
Sob ela, um átrio aberto liga-se ao auditório e aos espaços expositivos que ocupam o andar inferior do museu. Uma loja no nível intermediário da área de exibições tem entrada pelo saguão e pelo auditório; no terraço sobre o museu, foram instalados um restaurante e um mirante de onde se pode ver a praia, o oceano e os rochedos.
Revestido por concreto branco texturizado com agregados do Sul da França, o exterior do edifício é marcado por grandes panos de vidro duplo com função termoacústica.
Separados por divisórias de drywall, os espaços internos têm piso de carpete de madeira elevado, que permite maior flexibilidade para a passagem da fiação elétrica e a montagem e desmontagem das mostras. O pátio, por sua vez, combina vegetação rasteira típica da região e piso de pedra portuguesa.
“Escolhemos esse revestimento porque ele se adapta perfeitamente à forma curva da praça, além de combinar com o branco da fachada e ser um material que permite à grama crescer em seus entremeios”, esclarece o norte-americano, que atribui a escolha do piso a Solange: “Ela é brasileira, inspirou-se no calçadão do Rio de Janeiro”.
Via: ARCOWEB