Os 60 anos da Casa de Vidro de Lina Bo Bardi

Transformada em centro de pesquisas em prol da arquitetura, Casa de Vidro de Lina Bo Bardi ainda surpreende por sua estrutura vítrea e panorâmica

Casa de Vidro Morumbi - Lina Bo Bardi
O Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, fundado em 1990, tem como objetivo promover a cultura e as artes brasileiras no Brasil e no exterior

A Casa de Vidro, projetada pela arquiteta italiana com alma brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992), é a pura expressão do modernismo na arquitetura. Localizada no Morumbi, a construção de 1951 era a residência dela e de seu marido, o crítico e curador de arte, ensaísta, historiador e marchand Pietro Maria Bardi (1900-1999). É o segundo projeto de Lina Bo no Brasil. O primeiro foi a reforma do edifício dos Diários Associados para receber o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, em 1947, antes de ser aberto na avenida Paulista.

A história do nome Casa de Vidro é inusitada. Quem conta é o arquiteto Marcelo Ferraz, do escritório Brasil Arquitetura, que foi da equipe de Lina por 15 anos, desde 1977, com os também arquitetos Marcelo Suzuki e André Vainer. “Lina contava sobre um fulano simples que morava por ali e se referia assim à construção para dar informações: ‘É depois da Casa de Vidro; passando a casa de vidro no alto do morro…’”. E vidro é o que não falta. Na grande sala, tem-se uma visão de 360 graus do terreno íngreme. Uma parte da arquitetura projeta-se no espaço apoiada por finos pilares. Outra é assentada no solo.

O desejo de Lina e Pietro era que, após a morte deles, a casa se transformasse em um centro de pesquisa sobre arquitetura, arte e urbanismo. O sonho foi alcançado. Hoje, funciona ali o Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, com ênfase na preservação do legado da dupla. O instituto está catalogando todos os desenhos dela. “Tivemos uma verba da Caixa Econômica Federal que nos permitiu catalogar cerca de 3.500 desenhos”, conta o presidente, Giuseppe d’Anna, à frente da instituição há três anos. “Agora, com um projeto aprovado pela Petrobras, vamos enumerar e acondicionar documentos da arquiteta: correspondências, reflexões e o pensamento dela sobre urbanismo, arquitetura e arte.” Outro projeto, só que da Fapesp, prevê finalizar a catalogação dos mais de 7.500 desenhos e cerca de 150 projetos – entre realizados e não realizados.

Para André Vainer, “depois da Casa de Vidro, Lina encontrou o Brasil, que a transformou profundamente”. Já Suzuki considera que ir lá agora, sem ela, é muito triste. De um jeito ou de outro, espera-se que a casa-instituição continue sendo parte da contribuição cultural e artística de um casal que sempre teve a preocupação de dividir seu vasto conhecimento com o país que escolheu para viver.

Casa de Vidro - Lina Bo Bardi
A Casa de Vidro de Lina Bo Bardi é uma realidade indiscutível no panorama cultural nacional

 

Casa de Vidro de Lina Bo Bardi
A casa foi projetada em 1950 por Lina Bo Bardi para ser sua residência junto à seu esposo

 

Casa Vidro Lina Bo Bardi
Em 1987 a Casa de Vidro foi tombada pelo CONDEPHAAT como patrimônio histórico e hoje abriga parte da coleção de arte particular adquirida ao longo dos anos por Lina Bo e Pietro Maria Bardi.

Fonte: Casa Vogue