Com projeto escolhido em concurso internacional, teatro na Irlanda ganha imensa fachada de vidro inspirada nas cortinas teatrais
Com a inauguração em 2010 do Grand Canal Theatre, Daniel Libeskind fez sua estreia na cidade de Dublin, capital da Irlanda. A construção é marcada por soluções inspiradas no palco de um teatro, como a ampla fachada de vidro com quatro recortes, todos inclinados desde a cobertura até o chão e alternados no sentido diagonal, lembrando uma imensa cortina de pano.
De acordo com Libeskind, a proposta é compor um volume dinâmico e escultórico que dialogue com as atividades comerciais e residenciais do entorno para, assim, se tornar um marco urbano e um centro cultural de Dublin. Assim, concebeu um edifício de 13 mil metros quadrados e sete pavimentos, cuja construção teve um custo total de US$ 100 milhões.
O conceito é baseado em palcos – há o palco do teatro, o palco da praça fronteiriça e os múltiplos palcos do lobby da entrada. Para Libeskind, a solução “integra o edifício ao entorno e permite que ele se torne um marco relevante” dentro de um contexto urbano onde volumetria e gabarito beiram a monotonia. Nesse sentido, o teatro torna-se uma referência não apenas na praça – chamada Grand Canal Square – mas também para quem circula de barco pelo canal que cruza a cidade.
A fachada do teatro também tem inspiração cênica: como uma cortina, ela tem dobras similares à sobreposição de tecidos. O resultado é obtido graças à utilização de vidros de alto desempenho permeados por colunas pré-fabricadas de aço revestidas de pó de poliéster. Essa identidade se mantém externamente em toda edificação, uma vez que ela é revestida com painéis de aço inoxidável e vidros de alta performance.
A estrutura da construção, porém, é de concreto armado, solução que fica evidente na platéia dividida em área inferior e superior, e que comporta até 2,1 mil pessoas. Seu desenho e acabamento remontam ao passado de Dublin, fortemente ligado à construção de navios. Estruturas fixas escondem guindastes e outros equipamentos de apoio – como iluminação, cenário e acústica – e dão o aspecto de velas suspensas de um barco. Os reforços laterais, por sua vez, evocam a madeira do casco de um navio.
O teatro faz parte de um complexo multiuso que conta, ainda, com dois edifícios de escritório, previstos para serem inaugurados ainda em 2011. Com 45,5 mil metros quadrados, eles terão fachadas gêmeas, átrios envidraçados, telhados verdes e serão revestidos com pele dupla de vidro e aço leve, além de placas cerâmica com padrões geométricos. Seu acesso será feito tanto pela Grand Canal Square quanto por avenidas do entorno.
Texto de Fabio de Paula
Fonte: ARCOWEB