Tradicionais caixotes de concreto, dão lugar a prédios de volumetria sofisticada com amplas coberturas em vidro
Com a expansão da rede metroviária de São Paulo, a cidade tem recebido não apenas mais estações, mas uma nova concepção funcional e estética destes espaços públicos. O visual moderno das estações recém-inauguradas na Linha 2 – Verde, como Alto do Ipiranga e Vila Prudente, evidencia a tendência atual: atendimento às necessidades técnicas, sem deixar de lado a plasticidade do projeto arquitetônico e a qualidade de vida dos usuários e funcionários.
“Nosso trabalho é traduzir todas estas condicionantes em um edifício que, além de contemplar especificidades técnicas, valorize seu entorno imediato e, consequentemente, a experiência dos cidadãos que dele usufruam”, diz o arquiteto Ilvio Artioli, chefe do Departamento de Concepção de Arquitetura da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô).
Com esta abordagem, as tradicionais construções subterrâneas, como os antigos caixotes de concreto das linhas mais antigas, começam a dar lugar a prédios de volumetria sofisticada, que se destacam na paisagem urbana.
Nas novas estações da Linha 2 – Verde, a identidade visual é garantida por amplas coberturas em aço e vidro. Os elementos não só qualificam os espaços como oferecem eficiência energética. “Buscamos, com essas grandes aberturas, integrar o metrô à superfície e possibilitar a penetração de ar e luminosidade naturais até os níveis mais profundos, como as plataformas”, afirma o arquiteto.
Na Estação Vila Prudente, por exemplo, a cobertura em aço e vidro, com formato de uma imensa grelha, dividida em duas áreas circulares de diâmetros diferentes, se destaca no entorno da Zona Leste paulistana. O conjunto é formado pela combinação de painéis de vidro (laminado, autolimpante e com controle solar) fixados in loco sobre a estrutura metálica pintada de branco.
Em geometria circular, a estrutura em aço e vidro cobre os dois poços verticais da estação, de 32 m de profundidade. Para a cobertura foram utilizados 250 toneladas de aço e 2 mil m² de vidros especiais. Os acabamentos internos da estação são de concreto aparente, pastilhas cerâmicas em cores claras e aço inox.
Boa parte do programa da Alto do Ipiranga é solucionado nos subsolos, e na superfície encontram-se as salas técnicas e os ambientes operacionais. Nesse conjunto, a claraboia transparente, em forma de um tronco de cone inclinado, dá as boas-vindas aos usuários. São 406 m² de área envidraçada, constituída por painéis laminados refletivos de 10 mm.
As peças foram encapsuladas em silicone sobre a estrutura formada por anéis de aço. Além de fundamental para vencer o grande vão, o material foi escolhido por sua eficiente interface com a caixilharia de vidro.
Trata-se do mezanino suspenso sobre os trilhos, que tem estrutura em aço e lajes do tipo steel deck. Com o sistema, foi possível abrir mão dos pilares, criando uma passarela totalmente suspensa, atirantada ao teto do túnel. Como resultado, o espaço da plataforma foi liberado, aumentando a área de embarque e desembarque e o conforto dos usuários. Acima da passarela, destacam-se os grandes dutos amarelos da ventilação.
No piso seguinte, um mosaico de nove painéis (pintados por IIka Lemos) reveste as paredes de concreto do túnel vertical. O tom esverdeado combina com o amarelo que prevalece nas cotas inferiores da estação e com o azul do mezanino, fazendo alusão às cores da bandeira nacional, aproximação com a história do bairro onde foi proclamada a Independência do Brasil.
Em todas as novas estações da Linha 2 – Verde, o aço inox se sobressai como um dos principais materiais de acabamento, em guarda-corpos, corrimãos e, algumas vezes, em revestimentos de colunas e escadas rolantes. De acordo com Artioli, “o material apresenta excelentes atributos estéticos, além de grande durabilidade e resistência a eventuais ações de vandalismo”.
Mais bonitas e modernas, as recentes edificações podem ultrapassar a condição de simples locais de passagem e assumir o caráter de verdadeiros centros de convivência, como acontece em países de Primeiro Mundo.
O novo paradigma parece ter vindo para ficar. “A avaliação dos usuários tem aprovado as premissas e partidos atualmente praticados”, garante Ilvio Artioli. (C.P.)
Barreira acústica em steel framing
Os estudos de impacto sonoro do trecho da Linha 2 – Verde entre as Estações Sacomã e Vila Prudente indicaram a necessidade de utilização de barreiras acústicas laterais ao longo de todo o elevado da Estação Tamanduateí e de coberturas acústicas em trechos do mesmo elevado. E também, de forma a atender aos parâmetros determinados por lei, do emprego de revestimento acústico em superfícies de concreto nos emboques dos túneis, e ainda da instalação de atenuadores de ruído nas saídas de ventilação e de barreiras acústicas no Pátio Tamanduateí.
No caso da Estação Tamanduateí, buscando uma unidade visual, foi proposto um desenho de estrutura em arco que acompanha o desenho da sua cobertura. Ao mesmo tempo, os arcos permitem a sustentação das barreiras acústicas de modo independente por meio da conexão direta com a estrutura principal que suporta o elevado, facilitando a sua fixação e sem sobrecarregar a estrutura da via.
Os painéis acústicos das barreiras laterais são estruturados em perfis leves de aço galvanizado, tipo steel framing, com isolamento acústico em lã de vidro e fechamento com placas de fibrocimento, e janelas de vidro alinhadas com as janelas dos trens, para permitir a visão da paisagem por quem trafega neste trecho do Metrô.
* Gerência de Concepção Civil (GCI): eng. Ricardo Luiz Leonardo Leite
* Chefe do Depto. de Arquitetura (GCI/CIA): arq. Ilvio Artioli
* Coordenadoria de Acabamento (CIA/CAC): arq. Ana Maria G. de T. Ponzoni
* Coordenadoria de Arquitetura (CIA/CAU): arq. Ivan Lubarino Piccoli dos Santos
Estação Vila Prudente
Área construída: 19.729 m²
Volume do aço: 2.794 t.
Fornecimento da estrutura metálica: Forte Metal
Execução da obra: Andrade Gutierrez
Projeto executivo: Luiz Esteves Arquitetura Ltda.
Conclusão: 2010
Estação Alto do Ipiranga
Área construída: 13.262 m²
Volume do aço: 220 t.
Fornecimento da estrutura metálica: Construmet
Execução da obra: Consórcio CBPO/Odebrecht
Projeto executivo: Maubertec
Conclusão: 2007
Fonte: cbca