Com linhas externas discretas, o projeto interior surpreende com área social totalmente envidraçada voltada para as montanhas
O terreno em declive, estreito na frente, largo no fundo, cercado por montanhas e riachos, foi escolhido pelos proprietários sob orientação do arquiteto Márcio Tenreiro Silva. Ao indicar o local em Pedreira, interior paulista, o profissional tinha em mente erguer uma casa em diferentes níveis, com ambientes envidraçados voltados para o Sul. “Gosto muito da face Sul, apesar de muitas pessoas pensarem o contrário. Como o Brasil é um país tropical, com inverno muito curto, esse posicionamento traz um melhor conforto térmico. As sombras nas varandas à tarde favorecem aproveitamento do espaço e evitam o uso de ar-condicionado”, justifica.
Outra característica determinante para a escolha foi o formato do terreno. Com laterais de 28,20 m e 29,30 m, a área possuía 13,50 m de frente e 23,10 m nos fundos, o que permitiu erguer uma casa de 310 m² que parece comum para quem vê da rua e se torna grandiosa para os que a conhecem por dentro. Para aproveitar ao máximo a vista da natureza, a arquitetura previu dormitórios no nível da rua e, no piso inferior, toda a área social e de lazer. Os espaços de convívio se unem na planta livre, toda aberta, que integra estar, jantar, cozinha e espaço gourmet. A área externa, com paisagismo e deque de madeira, chega a 413, 64 m².
A discrição da fachada foi um pedido dos proprietários. “Gosto muito da arquitetura com volumes e sem telhado, que é meu forte, mas, se as pessoas sonham com algo, não costumo ser irredutível: quero vê-las felizes morando no local.”
Sem imprevistos
A construção transcorreu sem surpresas ou grandes desafios. O arquiteto projetou, construiu e administrou a obra. Fundação de estaca Strauss para 20 toneladas, baldrame, estrutura de concreto armado, alvenaria de tijolos comuns e a aplicação de manta asfáltica para impermeabilizar os muros de arrimo resumem o trabalho estrutural. A estaca Strauss foi escolhida por ser uma das mais baratas. Além disso, não poderia haver escavação por perfuratriz, já que não seria possível entrar com máquina, devido ao desnível do terreno.
Também com foco na economia, o arquiteto optou por revestimento cerâmico em praticamente toda a residência, mudando apenas a paginação e alguns detalhes. Os demais elementos seguiram a mesma linha: “A casa é tão gostosa que a última coisa que a pessoa vê são os revestimentos. Quando temos uma arquitetura agradável, não precisamos investir em materiais caros, não é isso que garante o bem-estar dos moradores.”
Parcerias
Na busca desse bem-estar, o profissional contou com a ajuda de parceiros para demandas específicas. A designer Mara Toledo projetou a marcenaria do closet do casal, do dormitório e do estar. Já Maris Carrari integrou ao projeto de decoração móveis e objetos trazidos pela família. “Atendemos ao conforto e à simplicidade, prioridades do casal, propiciando uma atmosfera moderna, humana e sofisticada, integrada à natureza”, resumiu.
Por fim, o projeto paisagístico dialoga harmonicamente com a arquitetura. “O jardim da frente foi marcado pelas palmeiras da espécie Veitchia, elementos verticais que conversam com a fachada. Para compor com elas, outras vegetações de menor porte foram utilizadas. O Jasmim-do-cabo abraça a frente da casa e estimula o olfato”, exemplifica o paisagista Daniel Nunes.
O espelho-d’água com bicas oferece movimento ao jardim lateral da sala de estar, e os pisantes “flutuantes” dão acesso a um deque que faz a ligação com a parte de baixo do jardim. “No nível mais baixo, os sentidos voltam a ser explorados com temperos e frutíferas”, finaliza o profissional.
Serviços
Projeto arquitetônico: Márcio Tenreiro Silva
Projeto de marcenaria: Mara Toledo
Mobiliário e decoração: Maris Carrari
Construção: Alex, Alessandro, Leandro Spancerski
Paisagismo: Daniel Nunes
Elétrica e Hidráulica: Luis Dalto
Serralheria: Serralheria Pelego
Pedras: MSA Marmoraria
Esquadrias: EMA Alumínio
Caixilhos: Betabox
Materiais para construção: Bonetto
Banheiros, cozinha e lavanderia: Todeschini Jaguariúna
Fonte: revista casa e construcao