Candidato a novo ponto turístico, complexo possui acesso à estação de Metrô, elevadores panorâmicos e uma bela vista de Ipanema e Copacabana
Desde meados de 2010, os elevadores do Complexo Rubem Braga, em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, facilitam a subida dos moradores das comunidades do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho. Das instalações, projetadas pelo escritório de João Batista Martinez Corrêa, avista-se a paisagem de Ipanema e Copacabana, mas, do ponto de vista da arquitetura, são as torres o objeto de maior interesse.
Por mais de três décadas, o arquiteto João Batista Martinez Corrêa trabalhou na Promon Engenharia, com a qual desenvolveu o projeto de estações metroviárias no Rio de Janeiro, entre elas a Cardeal Arcoverde, em Copacabana.
Num dos projetos mais recentes, o da estação Ipanema/ General Osório, que faz parte da mesma linha, foi incorporado à parada metroviária o Complexo Rubem Braga, do qual fazem parte duas torres de elevadores que mudaram positivamente a feição urbana local.
As condições que antecederam a implantação dos elevadores surgem a partir de um dos acessos à estação, situado na junção das ruas Teixeira de Melo e Barão da Torre, a partir do qual se chega à plataforma dos trens por um túnel de mais de 250 metros, escavado em rocha.
A entrada deveria atender, entre outros, os moradores das comunidades do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, ocupantes do morro em cotas que chegam a mais de 80 metros da superfície e até então usuários de escadarias precárias construídas junto à encosta.
A implantação do conjunto criou uma alternativa a esse trajeto penoso, inseguro e irregular. Além do aspecto puramente funcional, porém, ele possui o caráter simbólico de integração das comunidades à cidade, como destaca Corrêa no memorial do projeto.
“Entendemos que o conjunto de elevadores servirá como elemento de ligação que, mais que trazer o trabalhador do morro para a cidade, levará a urbanidade do cidadão ao morro, em um processo que catalisará paixões díspares em benefício democrático”, ele argumenta.
A intervenção mais marcante do Complexo Rubem Braga é o invólucro dos elevadores: eles estão abrigados em duas torres prismáticas de bases triangulares, cujos vértices são constituídos por três pilares de concreto vazados, com dois metros de diâmetro.
“É uma estrutura simples, semelhante às de caixas-d’água, com travessas metálicas fazendo o contraventamento”, explica Corrêa. As torres são interligadas por uma passarela metálica que está dividida em dois tramos.
Na união destes, ela fica apoiada em um grande pilar, enquanto uma coluna de menor dimensão a sustenta no trecho mais próximo da torre de cota mais alta.
A torre de maior altura tem 64 metros, o que equivale a um edifício de 21 andares, e acopla-se a um bloco de três pavimentos no qual funciona uma unidade do Rio Poupa Tempo e de onde se dá o acesso aos trens.
A mais baixa, implantada na encosta, possui 26 metros de altura. Cada uma delas contém dois elevadores que transportam, respectivamente, 30 e 20 passageiros por viagem.
Na construção da cota inferior, a face dos elevadores voltada para a rua Teixeira de Melo é de vidro transparente.
Nas outras faces das torres, na parte exterior do triângulo, foram colocados conjuntos de escadas fixas, que podem ser usados em casos de interrupção de energia e como saída de emergência, além de constituírem outra possibilidade de acesso.
Sobre a casa de máquinas do equipamento foi construído um mirante coberto, que também protege da chuva as prumadas das escadas fixas.
Ao desenhar o mirante, o objetivo de Corrêa era evidenciar as vistas das praias de Ipanema e Copacabana, fazendo do complexo também um ponto turístico. Assim, avalia o autor, o conjunto arquitetônico representaria a possibilidade de melhor integração de populações de diferentes classes sociais.
Fonte: ARCOWEB