Plano Nacional de Eficiência Energética inclui indústria vidreira

Com um pequeno corte no consumo de energia, 13 setores industriais poderiam economizar R$ 85 bilhões em 20 anos

São Paulo – Além de diminuir os custos de produção e dar competitividade aos produtos brasileiros, o uso eficiente de energia é decisivo para a conservação do meio ambiente e ajuda o país a reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Cálculos divulgados nesta quinta-feira, 11 de novembro, pela Confederação Nacional da Indústria – CNI – em seminário no escritório da CNI em São Paulo mostram que, com um pequeno corte no consumo de energia, 13 setores industriais poderiam economizar R$ 85 bilhões em 20 anos (de 2010 até 2030) só com a conta de energia elétrica.

Nesse período, também haveria uma economia acumulada de 9,2 milhões de Toneladas Equivalentes de Petróleo (TEP – unidade que permite somar várias fontes de energia, como elétrica, gás natural, combustíveis etc). Com a queda no consumo de energia, o país deixaria de emitir 239 milhões de toneladas de gás carbônico.

Esse cenário foi traçado a partir da avaliação de 217 projetos de eficiência energética de 13 setores industriais: alimentos e bebidas, cal e gesso, cerâmica, cimento, extrativa mineral, ferroligas, metais não-ferrosos, fundição, papel e celulose, química, siderurgia, têxtil e vidro.

A principal fonte de economia se encontra na modernização de fornos, que responde por 62,12% do potencial de eficiência energética, seguido pelas caldeiras, com 16,09%, e os sistemas motrizes, com 13,87%. Rodrigo Garcia, coordenador do estudo da CNI, defendeu a redução das taxas de juros para os projetos de eficiência energética para que esse potencial seja realizado.

– Seria necessária também a ampliação da carência dos investimentos e de uma maior disposição de tecnologias para a indústria nacional – afirmou.

Parte dos estudos feitos pela CNI e pela Eletrobras, por meio do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – Procel, está pronta e disponível para consulta. O estudo final será divulgado em janeiro próximo.

A análise mostra que a indústria responde por 37,2% de toda energia gasta no Brasil. O cenário traçado no estudo da CNI e da Eletrobras para o período de 2010 a 2030 considera que os 13 setores economizariam 6,4% do que consumiriam em 20 anos, embora haja potencial técnico para uma redução de até 25,7%. Esse potencial máximo seria atingido se a indústria operasse em um ambiente com condições ideais, ou seja, usando a tecnologia de ponta disponível na conservação de energia; com acesso a crédito facilitado, pessoal qualificado e oferta adequada das fontes energéticas.

De acordo com Rodrigo Garcia, analista de políticas industriais da CNI, as estimativas dos benefícios da redução do consumo se baseiam na premissa de que a economia brasileira crescerá a uma média de 4,5% ao ano até 2030 e de que os preços das fontes de energia serão corrigidos de acordo com as previsões do governo.

Os estudos, que também avaliam as experiências de 14 países na área de eficiência energética, orientaram a construção da agenda da indústria para a racionalização do consumo de energia. A iniciativa é parte das ações da CNI para estimular o uso eficiente da energia, aumentar a competitividade da indústria e contribuir para o esforço mundial de combate ao aquecimento global.

O secretário de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Paulo Augusto Leonelli, que participou do seminário da CNI e da Eletrobras, adiantou que até o final deste mês ou, no mais tardar, início de dezembro, o governo abrirá consulta pública para o Plano Nacional de Eficiência Energética. “Nossa intenção é de que o plano esteja valendo ainda neste governo”, salientou.

De acordo com Leonelli, incentivo público a projetos de eficiência energética, inclusive por meio de financiamento de bancos públicos, estará contemplado no plano.