Alguns cuidados que devemos ter na hora de adquirir um blindado
20/10/2010
Quem decide blindar seu automóvel precisa saber que a escolha da blindadora é o momento mais importante de todo o processo. Afinal, sua segurança será definida a partir dessa decisão. Muita gente simplesmente escolhe uma empresa indicada por um amigo ou que descobriu em algum anúncio, deixa o carro lá e só volta para pegá-lo depois do serviço.
A escolha da blindadora
Em primeiro lugar, é preciso conhecer pessoalmente a empresa onde será feita a proteção. É preciso ir à oficina em que a blindagem será instalada. Verifique há quantos anos a empresa está no mercado e o tempo de garantia que oferece.Peça que a blindadora mostre seu Certificado de Registro (CR) no Exército. Sem esse documento, a empresa não pode atuar no segmento. Questione ainda se os materiais usados na blindagem foram aprovados em testes feitos pelo Exército e se isso pode ser comprovado por uma cópia do Relatório Técnico Experimental (ReTEx), expedido pelo próprio Exército. Por acaso o funcionário gaguejou, disse que o documento não está lá no momento ou tentou desviar sua atenção para a montagem dos carros? Então pode agradecer e ir embora. Empresa séria não faz isso.
A qualidade do serviço
Procure saber antecipadamente quanto tempo levará o serviço – 30 dias é o prazo regular. Algumas empresas permitem o acesso a fotos da evolução do processo, mostrando que o veículo está de fato recebendo a blindagem oferecida. Pesquise pelo menos duas empresas e só depois bata o martelo – não pelo fator preço, mas pela segurança que elas oferecem. É essencial também checar as áreas que receberão a blindagem. Para não perder o cliente, algumas oferecem blindagem parcial, só para os vidros, o que é proibido pelo Exército. Fuja dessas empresas.
Os chamados requisitos de conformidade da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin) estipulam o que deve ser obrigatoriamente blindado: teto, vidros, colunas, atrás do banco traseiro (porta-objetos), caixas de rodas, portas, proteção entre o painel e o motor, maçanetas, por trás dos espelhos retrovisores e tanque de combustível.
“Além desse cuidado, a Abrablin tem tomado medidas para que os interessados escolham com maior confiança a blindadora, como o selo Membership, que indica que ela está com os documentos em dia, e o Selo de Qualidade, criado em parceria com o Cesvi Brasil, que será implantado para qualificar as blindadoras a executar os serviços de proteção e reparo da blindagem”, afirma Christian Conde, presidente da Abrablin.
Durante a visita, peça para mostrar se eles fazem nas portas e janelas o “overlap”, que é a sobreposição de uma peça de metal no vãos, para evitar que um projétil passe entre o vidro e a caneleta ou entre a porta e a moldura. Não pode haver nenhuma fresta livre para a entrada da bala.
As garantias
Cerca de 95% das blindagens feitas hoje em dia são do nível III-A. “É a que resiste a praticamente todas as armas de mão. Acima desse nível, o uso é restrito. Um dos truques feitos por empresas de má-fé é cobrar como se fosse III-A uma blindagem inferior. Daí a importância de toda a documentação que atesta o serviço”, diz Emerson Feliciano, coordenador de pesquisa e desenvolvimento do Cesvi Brasil.
Outro indicativo de qualidade é o preço. “Se a empresa cobrar menos de 35.000 reais, desconfie. É menos do que o preço de custo dos vidros e da parte opaca, sem falar dos impostos”, explica Jairo Candido, presidente do grupo Inbra. A blindagem de um modelo médio, como um Toyota Corolla, custa de 45.000 a 60.000 reais, fora o valor do carro.
Manual de uso
No dia-a-dia, é preciso ficar atento ao fato de o material da blindagem significar uma carga a mais (coisa entre 100 e 300 quilos), o que provoca desgaste maior de componentes como suspensão, freios e embreagem. Uma boa dica é preferir caminhos mais longos de bom asfalto, em lugar de encarar ruas esburacadas ou o anda-e-pára de congestionamentos, de maneira a reduzir o desgaste do conjunto mecânico.
Outras precauções ajudam a retardar o efeito do tempo: instalação de amortecedores na máquina de vidro para adequá-la ao maior peso e velocidade de acionamento, reforço na suspensão para manter a altura após a blindagem e até um chip de aumento de torque e potência que proporciona melhor desempenho. Algumas blindadoras já incluem essas modificações na hora de executar o serviço. Não se esqueça de perguntar antes de fechar o negócio.
Em relação à garantia, ela é de dois anos, prazo em que qualquer problema no material balístico deve ser reparado pela empresa. Algumas dão garantia de até cinco anos para a delaminação (descolamento da película interna dos vidros). O motorista, porém, também tem de tomar seus cuidados. Para limpeza os vidros, por exemplo, nunca se deve usa r produtos químicos ou abrasivos, que podem danificar alguma camada da blindagem. Ideal é usar água e sabão neutro, aplicados com uma flanela, sempre tomando cuidado com anéis ou relógios.
Para evitar trincas comuns, as grossas janelas devem estar levantadas ao fechar a porta do carro. Vidros fechados, aliás, são uma regra de ouro do carro blindado – eles só devem ser abertos ao passar por uma cancela de shopping ou pedágio em estrada. Sendo assim, manter o ar-condicionado em ordem é fundamental. Para conservar o vidro, é preciso ainda evitar ao máximo estradas esburacadas. Carro parado sob sol e calor intenso faz com que a delaminação seja mais rápida. Portanto, é melhor estacioná-lo em local coberto.
Documentação
A blindadora deve ter o Certificado de Registro (CR) no Exército. Além disso, para cada carro, ela tem de fazer uma solicitação específica. A empresa deve exigir alguns documentos do dono do veículo: RG, CPF, comprovante de residência, Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV), certidões negativas e criminais das justiças Federal, Estadual e Militar dos últimos cinco anos e atestado de antecedentes criminais pela Polícia Federal. Outro documento é o Termo de Compromisso, que especifica todo o material usado, bem como o nível de segurança. É o termo legal no qual a empresa se responsabiliza pela blindagem. Uma cópia desse termo, acompanhada do requerimento do proprietário, da cópia da autorização de blindagem (fornecida pelo Exército) e da cópia do CRLV, será enviada à Região Militar, que emitirá uma carteira com a inscrição “veículo blindado”. Esse documento é de uso obrigatório para a circulação de tais veículos. O motorista poderá ser multado e até ter o carro retido ao circular sem ele.
Usados
Se você está sem dinheiro para blindar, o usado pode ser uma boa opção. Mas exige cuidados:
Prefira um modelo em torno de dois ou três anos de uso.
Leve o carro a uma vistoria técnica para descobrir se há áreas desprotegidas ou consertos malfeitos. Custa cerca de 700 reais e costuma seguir um acordo: é pago pelo comprador se tudo estiver em ordem. Caso contrário, o prejuízo é do vendedor.
Teste os vidros elétricos para saber se eles estão subindo e descendo sem problemas. O peso do vidro pode causar uma pane no motorzinho.
Verifique toda a suspensão (amortecedores, molas, buchas e até pneus), que sofre desgaste maior em função do aumento do peso.
Cheque se borrachas, frisos e vidros estão perfeitamente alinhados. Esses detalhes denunciam se a blindagem está em ordem ou não.
Verifique se os vidros não apresentam bolhas ou descascados (delaminação). Se houver, não podem superar 1 centímetro quadrado. O ideal é comprar um usado com os vidros em perfeito estado.
Fonte: vialandauto