Mercado de fachadas unitizadas cresce no Brasil e já movimenta R$ 600 mi por ano

Fabricantes brasileiros de esquadrias de alumínio vêm investindo em prático e moderno sistema de envidraçamento de fachadas.

Fachada Unitizada do Aeroporto Internacional de Carrasco, no Uruguai
Executada pela brasileira Belmetal, a imponente fachada do Aeroporto Internacional de Carrasco, no Uruguai, está entre os principais projetos desenvolvidos recentemente com o sistema de cortina unitizado

 

Com origem americana, o sistema unitizado representa uma evolução das chamadas fachadas cortinas, configurando-se por painéis formados por vidros colados com silicone na própria estrutura da esquadria, que são produzidos industrialmente e ganham velocidade e praticidade na instalação, promovendo diversas vantagens em tempo e custo ao construtor.

Entre alumínio e vidros, o mercado brasileiro de fachadas unitizadas é de 6 mil toneladas por ano. Segundo Arimatéia Nonatto, gerente de projetos especiais da Belmetal, esse volume de produção equivale a R$ 450 milhões por ano entre projeto, perfis de alumínio e componentes e mais R$ 150 milhões em vidros. “O mercado nacional do unitizado é de R$ 600 milhões”, avalia.

Os maiores e mais modernos projetos prediais da atualidade estão sendo especificados pelo novo sistema, que foi adaptado aos padrões brasileiros. A Belmetal, com fábrica em Sorocaba, no interior de São Paulo, é uma das grandes do setor e participou de projetos com grande visibilidade, como o Aeroporto Internacional de Carrasco, em Montevidéu, no Uruguai, e o Centro Administrativo do Governo de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

Nonatto conta que a obra do aeroporto de Carrasco “foi um projeto complexo, com 12 empresas participantes”, com um contrato de US$ 6 milhões. A maioria, ou 90%, das esquadrias para a fachada do aeroporto seguiu do Brasil de navio, do porto de Santos ao de Montevidéu. O restante foi enviado por via terrestre. “Construímos uma fábrica de 1.500 metros quadrados ao lado do aeroporto para fazer a montagem, com o trabalho de 150 operários uruguaios”, lembra o executivo. A obra do governo mineiro foi feita em 2009 e reuniu diversas empresas.

O sistema de produção de fachadas de alumínio passou por uma forte transformação nos últimos cinco anos e atendeu à demanda dos arquitetos que projetam os edifícios mais modernos, com eficiência de energia e uso consciente de recursos.

As fachadas no sistema unitizado são feitas em painéis em média de 1,25 metro por 3,75 metros, com vidro duplo chamado insulado, ou seja, duas lâminas de vidro separadas por, no mínimo, 12 milímetros, o que forma uma câmara. Essa câmara pode receber ar ou gás, dependendo das exigências técnicas, para que absorva o calor e a umidade de fora do prédio. “O sistema permite economia de energia com ar-condicionado e maior conforto acústico.”

Em entrevista ao Valor, Lucínio Abrantes dos Santos, presidente da Afeal (Associação dos Fabricantes de Esquadrias de Alumínio), revelou que hoje, há cerca de 9 mil micro e pequenos fabricantes de esquadrias, a maioria sob encomenda. As que trabalham com produtos padronizados são cerca de 20, responsáveis pelo consumo de cerca de 200 toneladas por mês. Elas vendem para construtoras, mas seus produtos são encontrados no varejo, desde as grandes redes até lojas de bairro. “Essas companhias fabricam 1.000 janelas por mês. São responsáveis por 20% a 25% do mercado”, conta o presidente.