O vidro multifuncional teria aplicação em painéis solares, telas e nas indústrias automotiva e da construção civil
Pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) descobriram uma nova técnica em beneficiamento de superfícies de vidro, dando ao material características multifuncionais, tornando-o antirreflexo, autolimpante e antiembaçante.
O novo vidro seria capaz de eliminar os indesejáveis reflexos das telas e repelir gotas de água como se fossem substâncias, além de não embaçar e não permitir que a oleosidade da pele marque a superfície.
Em um vídeo publicado, a equipe compara uma gota de água escorrendo em um vidro comum e depois em um produzido pelos cientistas. A filmagem mostra em câmera lenta uma gota de água tocando a superfície do vidro multifuncional. Sua textura repele o líquido como se fosse uma bola gelatinosa quicando.
A tecnologia utilizada tomou como base um fino revestimento de nanotexturas formadas por uma série de estruturas cônicas. Este padrão de cones minúsculos depositados sobre a superfície conferem ao vidro as características anunciadas. Cada cone possui uma altura cinco vezes maior do que a sua largura, que possui de 200 nanômetros.
Agora, os pesquisadores buscam uma forma de como empregar este processo de fabricação em larga escala e com baixo custo, o que possibilitaria sua aplicação em microscópios, câmeras, telas de smartphones e televisores, painéis solares, para-brisas e até mesmo na construção civil, como portas e janelas.
A tecnologia foi descrita em um artigo publicado na revista científica ACS Nano, com autoria dos estudantes de pós-graduação em engenharia mecânica Kyoo-Chul Park e Hyungryul Choi, e sob a orientação de Chih-Hao Chang, Gareth McKinley, Robert Cohen e George Barbastathis.
Segundo Park, um dos co-autores da pesquisa, os painéis solares podem perder até 40% de sua eficiência energética dentro de seis meses, devido a sujeira que se acumula em suas superfícies.
Outra vantagem da utilização do novo vidro em painéis solares seria a redução da luz refletida, principalmente quando os raios solares incidem sobre o painel em um ângulo agudo. Na madrugada e fim de tarde, um vidro convencional pode refletir mais de 50% da luz, enquanto uma superfície antireflexo reduziria a perda para níveis insignificantes.
A pesquisa foi financiada pelo Instituto de Pesquisas do Exército e conta com o apoio do Escritório da Força Aérea de Investigação Científica e da Fundação Singapura de Pesquisa Nacional.