Com a retirada das paredes no pavimento inferior, espaços amplos e integrados foram criados, separados apenas por portas de vidro
Durante a pesada reforma desta cobertura duplex, que se prolongou por quase um ano e gerou mais de cem caçambas de entulho, paredes e pilares foram derrubados na busca por ambientes mais amplos e integrados.
Esse foi o processo da mega reforma de um imóvel de 600 m² na zona oeste da cidade de São Paulo. O duplex do prédio da década de 1980 nunca tinha sido reformado e apresentava estruturas de concreto robustas, caixões perdidos, tubulações de ferro embutidas e ambientes muito compartimentados. A arquiteta Monica Drucker apresentou um projeto radical que transformou os muitos ambientes em poucos, mas com generosos espaços.
O processo mais pesado de construção consistiu na integração dos ambientes do pavimento inferior. Com a retirada das paredes de alvenaria grande parte das áreas subdivididas transformaram-se em um só espaço, amplo e integrado, com salas de estar, jantar, home theatre, lareira e cozinha separada por portas de correr de vidro. Além da integração o pavimento foi ampliado a ponto de englobar uma parte do terraço da piscina, muito pouco usado devido aos fortes ventos do local.
Essa ampliação exigiu uma nova laje de adequação de nível entre salas e terraço e criou um seminível fechado de pé-direito duplo, com mesa de almoço. Para demarcar o novo limite foram instaladas divisórias de aço e vidro, que se elevam até o pavimento superior. Uma cobertura de policarbonato protege o espaço semiaberto. Já no terraço o projeto de reforma inutilizou a piscina que gerava muitas infiltrações e definiu uma área com hidromassagem e churrasqueira, deck de madeira, caixilhos de alumínio com fechamento e guarda-corpo de vidro. Ao todo, o pavimento inferior totalizou 320 m² de área construída.
Ainda no primeiro piso, chama a atenção uma parede curva de pé-direito duplo revestida de ripas de cumaru de 3 cm de largura que dá um toque modernista ao apartamento e cria um contraste com os espaços claros e contemporâneos à sua volta.
Essa era a parede original da caixa de escadas da área comum do edifício, oculta por paredes ortogonais durante muitos anos. “Esse é o lado vivo e interessante das reformas”, diz Drucker. Anexa à parede curva, uma grande escada de aço inox e vidro leva ao pavimento superior.
Nesse nível a reforma transformou quatro suítes em três, uma delas servida por um closet alongado. Além dos dormitórios foi criada uma área de estar voltada para o terraço, com guarda corpo de vidro. Com paredes imaculadamente brancas e piso cimentado claro (de madeira no mezanino), todos os ambientes foram pontuados por móveis de design contemporâneo, como poltronas e sofás, onde predomina o vidro, o aço e estofados de couro nas cores branca, preta e vermelha. Além do mobiliário o apartamento é uma grande galeria de arte, com telas abstratas e figurativas.