Expressando conceitos relativos a contemporaneidade e atemporalidade, arquitetura da estação prioriza ainda elementos como ventilação e luz natural
Inaugurada há pouco mais de um ano, a Estação Vila Prudente do Metrô de São Paulo estabelece um suave contraponto na paisagem urbana da avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello, zona sudeste da capital paulista.
Com sua maior parte enterrada, a fração visível de sua arquitetura se caracteriza sobretudo pela cobertura envidraçada apoiada sobre estrutura metálica na forma de grelha que demarca o acesso principal.
O projeto, segundo o arquiteto Luiz Carlos Esteves, resulta da integração de necessidades funcionais e técnicas, que são as principais condicionantes do trabalho.
Para Esteves, em qualquer projeto de estação metroviária é indispensável que a arquitetura expresse, ao mesmo tempo, conceitos relativos a contemporaneidade e atemporalidade.
“São questões fundamentais em um tipo de equipamento cujo tempo de vida útil se mede em décadas”, ele argumenta. E foi essa diretriz que o arquiteto procurou seguir nos recentes trabalhos para a Companhia do Metropolitano.
Em funcionamento desde o segundo semestre de 2010 (inicialmente no regime de operação assistida), a estação Vila Prudente deverá se integrar ao terminal de ônibus do Expresso Tiradentes e à linha do monotrilho que dará sequência ao percurso do corredor de transporte até o extremo da zona leste paulistana.
Também deve ser ponto de ligação com o futuro prolongamento do metrô (linha 15 – Branca) que irá até Tiquatira. A estação, frisa Esteves, foi projetada, portanto, para receber essas outras conexões.
Com entrada em nível para os usuários vindos da avenida Anhaia Mello (acessos leste e oeste) e através de escada no cruzamento das ruas Itamumbuca e Cavour (acesso norte), o conjunto é constituído por dois poços circulares justapostos, com 40 metros de diâmetro cada (a estação propriamente), e um trecho em túnel; uma edificação independente, ocupada pelas salas técnicas situadas na superfície, arremata a composição.
Como em outras estações da linha 2 – Verde, o objetivo pretendido era aproveitar a iluminação e a ventilação naturais. A estrutura de metal e vidro que cobre a estação permite a entrada da luz natural até a plataforma, a 21 metros da superfície.
O poço tem quatro níveis principais: no térreo está o acesso; no mezanino ficam a bilheteria e os bloqueios; no piso intermediário distribuem-se as salas operacionais, sanitários públicos e a circulação de acesso à plataforma; esta se situa na cota mais baixa e se estende pelos túneis do trajeto.
“A estação possui, ainda, um poço de saída de emergência que liga, por escadas, a plataforma ao térreo”, acrescenta o autor do projeto.
Os equipamentos de circulação vertical (escadas rolantes e fixas, elevadores), controles de acesso, bilheteria e salas de apoio operacional têm estrutura independente da dos poços, que foi construída após a conclusão desses elementos.
Enquanto o poço norte apresenta abertura para o exterior, o sul está parcialmente fechado no nível térreo, em função da sua proximidade com a via de maior tráfego.
Na cobertura, detalha o arquiteto, a especificação de vidros autolimpantes permite preservar a transparência com pouca exigência de manutenção.
Internamente, os acabamentos se caracterizam pelo despojamento formal: predomina o concreto aparente em combinação com superfícies de aço inoxidável, estruturas de aço pintadas de branco, vidros e pastilhas cerâmicas.
“Espaço e luz são os principais elementos que definem e valorizam a arquitetura da estação”, avalia Esteves.
Fonte: ARCOWEB