O incremento da produção semestral foi impulsionado pelo desempenho dos fabricantes de embalagens de madeira e vidro
Importante balizador da economia, a indústria brasileira de embalagens encerrou o primeiro semestre de 2011 com expansão de 2,98% na produção física em relação a igual período do ano passado. De acordo com estudo da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o indicador cresceu 5,01% no primeiro trimestre e 0,98% no segundo trimestre. O resultado obtido entre abril e junho é o pior do levantamento desde o quarto trimestre de 2009, período no qual a produção encolheu 3,62%.
O incremento da produção semestral foi impulsionado pelo desempenho dos fabricantes de embalagens de madeira (+15,83%) e vidro (+11,69%). Os setores de plástico e papel, papelão e cartão, de maior peso no levantamento, tiveram crescimentos mais modestos, de 0,46% e 1,45%, respectivamente. O principal destaque negativo do semestre ficou por conta do setor plástico, cuja produção chegou a encolher 1,19% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2010.
No semestre, a expansão foi de apenas 2,98%, ritmo bem mais modesto que os 15,57% dos seis primeiros meses de 2010. No entanto, a diretora executiva da Abre, Luciana Pellegrino, faz questão de ressaltar que o ano passado não serve de comparação, já que os números expressivos se devem à recuperação, após a crise de crédito global que atingiu as empresas brasileiras ao longo de 2009.
Apesar da ressalva, a dirigente assinala que o cenário aponta crescimento tímido. “Esperávamos crescer 2% em volume (de produção), mas estamos revendo para 1%”, afirma. Em faturamento, será um pouco mais, 6,8% – o segmento deve fechar o ano com R$ 45,6 bilhões de vendas.
Para ela, o resultado modesto reflete, além das medidas do governo para retrair o consumo, o aumento dos importados. A entrada de bens de consumo do Exterior registra expansão de 25% neste ano e, como esses itens já vêm embalados de outros países, isso representa perda de encomendas.
Números do Setor de Embalagens
De acordo com as projeções da FGV, a produção física da indústria brasileira de embalagens deverá encerrar o ano com alta de 0,96%. O número é inferior ao resultado previsto inicialmente pela entidade, de 2,17% para o ano. Em 2010, a produção brasileira cresceu 10,1% e nos últimos 12 meses, houve um aumento de 4,18%.
A receita líquida de vendas em 2011 deverá totalizar R$ 45,6 bilhões, expansão de 2,3% em relação ao ano passado (R$ 41,1 bilhões). Os dados são do levantamento Estudo Macroeconômico da Embalagem, apresentado pelo analista Salomão Quadros, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Na avaliação do economista , “o pior momento” a ser enfrentado pelos fabricantes nacionais deverá ser o que vai até setembro, tendo iniciado em julho, mas com uma pequena recuperação logo em seguida. O que está ocorrendo, segundo ele, é um processo de ajuste porque o ritmo de produção não acompanhou a demanda, deixando as empresas com os estoques elevados.
“Como a demanda não está dando sinal de que vai se recompor, a única maneira de reduzir estoques é diminuir a produção”, disse Quadros. Para ele, no entanto, essa deverá ser uma fase transitória. Ele lembrou que, no primeiro trimestre, a indústria de embalagens apresentou forte crescimento (5,01%) e, no segundo, houve queda expressiva no ritmo, com 0,98%.
O motivo para esse desempenho mais fraco foi a concorrência com os importados, principalmente, devido à entrada de produtos comprados da China, que chegam já embaladas. Com a economia internacional mais desaquecida, a tendência é os países venderem para mercados que continuam consumindo, mesmo que a ritmo mais lento, como é o caso do Brasil, avaliou o economista.
Quanto aos impactos dos entraves nas economias norte-americana e de alguns países da zona do euro, o economista acha prematuro fazer previsões porque, na opinião de Quadros, não existe ainda uma definição clara se haverá um prolongado período de baixo crescimento ou até de uma pequena recessão.