Aspectos estéticos do vidro

Artigo explora as características e diferentes possibilidades estéticas oferecidas pelo vidro

Aspectos Esteticos do Vidro
O vidro, segundo o arquiteto Ian Ritchie, é um sólido caótico e belo, sua onipresença é testemunho da sua versatilidade e, também, da engenhosidade do homem, limitada apenas por nossa compreensão incompleta da sua materialidade

 

O desenvolvimento do trabalho se deu a partir de leituras e pesquisas sobre arquitetos e artistas que utilizaram o vidro extensivamente em suas obras. Abordando sua produção, as diferentes formas de utilização e a interação do vidro nos diversos aspectos de uma obra arquitetônica, pois só assim será compreensível a estética resultante. Além disso, foi traçado um paralelo entre a estética do vidro e fatores de sua história, conforto ambiental e, até mesmo, aspectos econômicos.

 

Introdução

No último milênio o vidro tem sido utilizado como superfície para a entrada de luz e, também, para revelar as superfícies e os espaços da arquitetura. Ao mesmo tempo, o vidro pode destruir o espaço e a arquitetura caso utilizado sem critérios e entendimento estético.

Vidro como arquitetura, ou o vidro na arquitetura, começou a ter grande importância no período Gótico, quando grandes vitrais, narrativos e coloridos, eram utilizados nas catedrais do período.

O primeiro apogeu da arquitetura de vidro, no entanto, ocorreu com a construção de grandes estufas durante a metade do século XIX. Habilidosos artesãos e engenheiros utilizaram a qualidade tênsil do ferro forjado e, também, a qualidade compressiva do ferro fundido para criar alternativas mais transparentes às paredes de alvenaria.

O segundo apogeu da arquitetura de vidro ocorreu em decorrência à utilização do uso estrutural do vidro, em meados do século XX.

Significados estéticos e seus valores aplicados têm sido definidos, em maior parte do casos, filosoficamente, e não empiricamente. E, em cada momento histórico, há uma estética visual prevalecente que se expressa na arquitetura.

A representação estética na arquitetura sempre foi sustentada pela geometria. No Ocidente, a representação estética foi dominada por sistemas geométricos desenvolvidos na Grécia Antiga e Roma, até que a abstração surgiu na virada do século XX, quando Poincaré estava escrevendo sobre o caos, os físicos redefinindo o nosso mundo e os artistas abrindo novos horizontes. Ao final do século XX e início do século XXI arquiteturas ainda são definidas geometricamente e continuam a explorar qualidades abstratas.

No século XX, a arquitetura utilizou extensivamente o concreto armado como material a serviço das ambições geométricas e espaciais do momento. E, ao final do mesmo século, são construídos edifícios de vidro e aço, comumente chamados de Edifícios de Alta Tecnologia (High Tech).

Por sua vez, o vidro na arquitetura pode ser utilizado para expressar ideias sobre nossa união com a natureza e nossas noções de luz e transparência.

 

Estética Física

O vidro, segundo o arquiteto Ian Ritchie, é um sólido caótico e belo, sua onipresença é testemunho da sua versatilidade e, também, da engenhosidade do homem, limitada apenas por nossa compreensão incompleta da sua materialidade. Por ser um material à base de sílica e permeado por óxidos metálicos, ele pode tornar-se transparente, opaco, branco ou, ainda, qualquer grau entre um desses níveis. Se olharmos perpendicularmente a uma superfície transparente, não podemos vê-la, mas sua impermeabilidade pode controlar, por exemplo, a passagem de ar, água, ruído e sujeira.

O vidro racha com muita facilidade para que sua performance seja totalmente previsível. Este problema fundamental do vidro como material construtivo desafia a indústria para superar este problema a nível molecular, mantendo as propriedades óticas e as qualidades superficiais que apreciamos.
Portanto, o vidro ainda é imprevisível. Nós podemos prever e controlar suas características estáticas, transparência, índice de refração e cor. Também podemos prever e controlar características dinâmicas do vidro (por exemplo, o vidro fotocrômico). No entanto, na engenharia estrutural, assim como em outros campos, a necessidade fundamental é prever o comportamento com cada vez maior eficiência e alcançar melhor performance.

 

Estética Visual

O vidro na arquitetura é apreciado, na maioria das vezes, por seu valor estético, particularmente por sua transparência, muito embora preocupações ambientais tenham modificado o foco para o uso baseado em eficiência energética.

Construções em vidro dependem de outras estruturas, sejam as fundações ou fixações. Uma vez que a escala é entendida, é possível desenhar a interface entre o vidro e a estrutura e, ao mesmo tempo, resolver outras partes do projeto como a compatibilidade dos materiais e buscar, desta forma, o objetivo estético desejado.

Ainda assim, muitos arquitetos não estão interessados nos processos básicos e fundamentais para que o objetivo estético seja atingido. Neste caso, os arquitetos parecem mais interessados nos produtos existentes no mercado e seus preços, sendo que, só então irão utilizá-los da forma que o material possibilita, muito embora as possibilidades visuais do vidro sejam virtualmente infinitas.
Antes do século XVI, o vidro foi utilizado majoritariamente em construções eclesiásticas. Com o desenvolvimento de chapas de vidro mais econômicas o vidro foi utilizado, também, em construções seculares, mas ainda não tinha a qualidade suficiente para garantir visões sem distorção.

Durante o final do século XIX e início do século XX, a fabricação do vidro permitiu a arquitetos sonharem com um invólucro transparente. No entanto, foi no meio do século XX, com o desenvolvimento do vidro flotado, que boa parte dos projetos e sonhos relativos à transparência tornaram-se realidade.

Por volta de 25 anos atrás alguns arquitetos começaram a imaginar usos para paredes dinâmicas de vidro onde, com um simples aperto de botão, a parede se tornaria opaca, policromática ou transparente. Também imaginaram uma parede envidraçada que poderia mudar suas características térmicas, captura e transferir energia a outras partes do edifício e, mais ainda, transportar informações.

A decoração foi, em grande parte do século XX, descartada em um expurgo de auto limpeza arquitetônica. A luz simbolizava bondade, iluminação, racionalidade, ordem e higiene. No início do nosso século, o vidro tornou-se estética em si. Sua transparência cristalina simboliza o pensamento econômico e racional.

A singularidade deste material reside na sua habilidade em refratar e refletir a luz. A superfície do vidro, lisa e durável, pode ter uma infinidade de tratamentos, como nenhum outro material, embora estes também refratam a luz. Ele pode ser graduado a partir da sua transparência através de graus de translucidez até opacidade; macro e micro gravado por máquina; gravado por areia e ácido; perfurado e micro perfurado por ácidos; tingido; esmaltado e pintado; queimado e impresso.

Fonte: sites.google.com/arquiteturaemvidro