Estudante de arquitetura da USP, Gustavo Simoneti assina este projeto após passar um ano na Universidade do Porto
Este projeto com 380m² de área construída foi executado quando o arquiteto Gustavo Simoneti ainda estava cursando a faculdade de arquitetura da USP em São Paulo. Antes de dar inicio às obras, ele havia acabado de retornar de Portugal, onde foi estudar arquitetura na Universidade do Porto pelo período de um ano. Trouxe na bagagem a influência de dois arquitetos portugueses, Alvaro Siza e Eduardo Souto Moura. Esta residência, por exemplo, parece estar assentada em uma base de pedras, usada como revestimento. O material é umas das referências das construções de Portugal.
Com um acentuado desnível de 2 metros até a piscina, o terreno de 500m² foi estratégico para definir o layout da casa que, a princípio, era um formato de caixa e foi ganhando aberturas, dando volumes ao projeto arquitetônico, sempre com módulos múltiplos de 1,5 metros. Essa forma de projetar, modulando a estrutura, é uma característica adquirida na sua formação em São Paulo. O arquiteto pensa muito na construção de seus projetos e dá liberdade para que seus clientes, no caso, um casal com filhos, participem da ambientação.
O estudo minucioso permitiu uma construção com aproveitamento total dos espaços, divididos em três níveis diferentes. Pensando na boa circulação, uma única escada central dá acesso a todos os pavimentos. No subsolo ficou apenas a área de serviço. No térreo, a área social com a sala de estar com pé direito duplo, a sala de jantar com armários colocados simetricamente para não interferir na janela baixa com visualização de toda a área externa e a cozinha, cujo diferencial é a janela com vidro fixo na parte de cima e de correr em baixo, separadas pelo armário, aliás, um recurso muito utilizado pelo arquiteto, influência da obra de Rino Levi, para que a marcenaria não fique muito alta e permita a entrada de luz natural.
Com base branca e o uso de materiais como pedra, madeira pau marfim e vidro, a quebra da sobriedade ficou por conta do recamier vermelho e do tapete colorido na sala de estar, onde podemos encontrar clássicos do design como o sofá LC3 e a chaise longue de Le Corbusier, além de duas banquetas Barcelona de Mies van der Rohe.
A fachada frontal com uma torre no centro (que abriga a escada) foi revestida em canjiquinha trabalhada artesanalmente com filetes de pedra Goiás. Para acompanhar essa proposta rústica, uma enorme porta pivotante em chapa de aço e vidro em uma das laterais nos convida a entrar. Plantas grandes como a Ravenala e Filodendro, além de espécies rasteiras no paisagismo da fachada, dão uma ideia de mata natural.
Já o andar superior foi reservado para abrigar a área íntima, que consiste em três suítes, um lavabo, uma sala íntima e, em uma das aberturas, uma estante mezanino, em laca branca, instalada estrategicamente na parede de vidro para manter a privacidade e, ao mesmo tempo, acomodar livros e objetos de decoração.
No quarto do casal, a colcha floral destacou a cabeceira da cama em laca branca e nichos em madeira, mesmo material da peseira baú. A iluminação é marcada pelo aproveitamento total da luz natural e, à noite, básica e pontual, sem exageros, marcando apenas alguns pontos importantes da casa.
Fonte: habitare