Autoridades e orgãos reguladores, discutem a importância das embalagens de vidro como produto mais seguro para os consumidores
Alimentos em conserva estão disponíveis para venda há mais de 200 anos, e seguindo a tendência mundial de busca por alimentação saudável o vidro é o único produto que oferece pureza e mantém os produtos envasados livres de contaminação química, por substâncias como Bisfenol A (BPA) e Dioxina, presente em outros tipos de embalagens.
O órgão americano que regula o segmento de alimentos e medicamentos (OFDA), assegura que o vidro é o único GRAS (material de embalagem geralmente reconhecido como seguro). Com a classificação GRAS, recipientes de vidro não requerem testes de lixiviação ou extração. A OFDA exige estudos em todas as outras opções, para prever a quantidade de migração de substâncias estranhas que será consumida e estabelece limites quando os produtos são embalados em outros materiais.
Recentemente, discussões sobre os efeitos nocivos do Bisfenol A (BPA) entraram na pauta do Ministério Público Federal, que abriu inquérito para investigar a substância. Encontrada também em brinquedos e utensílios plásticos, como mamadeiras e copos, o BPA pode causar problemas cardíacos, reprodutivos (como diminuição de testosterona e puberdade precoce), predisposição para câncer, diabetes, hiperatividade e obesidade.
Atualmente, proibido em países como Canadá, Dinamarca, Costa Rica e em alguns estados norte-americanos, o BPA é utilizado no Brasil, desde que obedeça as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que limita o uso em 0,6 mg para cada quilo de plástico.
Como a discussão tem projeções internacionais, a Owens-Illinois, gigante do setor de embalagens de vidro, iniciou uma pesquisa junto ao instituto de pesquisa europeu E.U.Datamonitor, em 2007, com o objetivo de entender o que influencia um consumidor na compra de alimentos em embalagens de vidro.
A empresa descobriu que segurança foi um dos principais itens citados, além de preservação do frescor do alimento e proteção contra causas externas. “Há séculos, o vidro carrega em seu DNA a característica de funcionar como uma barreira protetora contra os agentes externos, preservando o shelf – life e não transmitindo qualquer tipo de toxina a bebidas ou alimentos acondicionados. É, com certeza, a embalagem mais segura para os consumidores”, explica Ricardo Leonel Vieira, diretor de Vendas e Marketing da O-I Brasil.
Sergio Vaisman, médico especialista em Cardiologia e Nutrologia, que se dedica à prática de Medicina Preventiva, acrescenta que por tratar-se de um Disruptor Endócrino (substância que modifica produções hormonais de certas glândulas), o Bisfenol é estudado juntamente a outras substâncias sintéticas presentes em objetos de consumo e meio ambiente, portanto, a exposição à toxina deve ser evitada.
A pesquisadora americana Jane Muncke, em 2009, analisou 50 químicos usados em embalagens e conhecidos como interferentes endócrinos. A pesquisa constatou que recipientes de alimentos são uma das maiores fontes de contaminantes, já que muitos químicos tóxicos e substâncias suspeitas podem ser interferentes endócrinos e migrar das embalagens para o alimento.
Outros estudos internacionais apontam que, após a avaliação em 1,4 mil adultos americanos, entre 18 e 74 anos de idade, quase todos possuíam níveis elevados de BPA, sendo que estavam sujeitos em até três vezes de desenvolver doenças cardiocirculatórias, tinham o dobro de predisposição ao diabetes e anormalidades nas enzimas do fígado (dados publicados, em 2008, na revista Journal of American Medical Association). Mais um importante dado é da ONG National Workgroup for Safe Markets, que, após análises em mais de 50 tipos de alimentos enlatados, constatou a presença do BPA em 92% das embalagens analisadas.
Já dados do National Health NutritionExamination Survey (EUA), entre 2003 e 2006, indicam que pessoas com mais de 18anos de idade com grande exposição ao BPA tinham níveis mais altos de anticorpos do citomegalovírus (CMV), o que sugere que o sistema imune mediador por células pode não estar funcionando corretamente. Esse foi o primeiro estudo sobre a influência do BPA no sistema imunológico humano.
Fonte: Programa Linha Verde