Ainda que baseada em linhas e materiais brutos, grandes panos de vidro enquadram o cenário em todos os percursos da casa
Nenhum pilar, bloco de pedra ou esquadria está onde está por acaso neste projeto de Paulus Magnus. “Minha arquitetura busca provocar sensações. Gosto de tornar únicos os percursos mais triviais”, diz ele. Imagine levantar da cama, ir ao banheiro e deparar com o nascer do sol, eis a emoção à qual o arquiteto se refere.
Para adicionar poesia aos momentos de lazer do cliente, Paulus, estudou o cenário. Maravilhou-se com a beleza do terreno em Piracaia, a 85 km de São Paulo, e apropriou- se da vista: ela aparece em praticamente todos os cômodos, através de imensos panos de vidro ou pequenos rasgos na alvenaria. “A paisagem sobressaía. Nada que eu colocasse dentro da casa seria mais lindo”, justifica. A melhor maneira de enquadrá-la Paulus encontrou na forma de uma caixa transparente, sobreposta por um pavilhão retangular apoiado em somente oito pilares.
A ausência de obstáculos, se por um lado libera o olhar para a represa e as montanhas, por outro exigiu um arranjo compatível com a audácia: os poucos pontos de suporte concedidos ao segundo andar ordenaram a presença de lajes de concreto protendido, recurso que evita deformidades e fissuras em grandes vão. “Do desenho surgiu uma partitura estrutural”, afirma ele, sem abandonar o romantismo nem mesmo diante da dureza da engenharia.