Protótipo multifuncional em vidro, aço e madeira

Proposta em uma mostra de decoração, espaço de 50 m² comprova sua viabilidade e se torna refúgio à beira-mar

A rotina agitada atual sugere abrir mão de áreas supérfluas e estáticas em nome de ambientes compactos e versáteis. Exatamente o que fez o arquiteto paranaense Abreu Jr. ao desenhar esta casa.

Curador de uma mostra de arquitetura em Florianópolis, onde mora há duas décadas, ele lançou uma pergunta a si mesmo e aos demais participantes do evento, realizado dois anos atrás: “De quanto espaço uma pessoa realmente precisa para viver com conforto?” Somando sala de estar/quarto (reunidos num mesmo local), cozinha, banheiro e home office, Abreu concluiu que 50 m² eram suficientes e deu forma a um protótipo multifuncional de aço, madeira e vidro.

Mais tarde, comprovou a viabilidade da aposta: após o encerramento da exposição, levou a morada da ficção para o mundo real, onde a adotou como seu refúgio de fim de semana. Satisfeito, ele não sente falta de um metro sequer a mais.

Fachada em vigas de aço, pínus e painéis de vidro
Vigas e pilares de aço, réguas de pínus e painéis de vidro: esse trio resultou leve e fácil de transportar. Com apenas 50 m², a planta atende aos momentos de lazer e se converte em espaço de trabalho. O cilindro metálico na cobertura é a caixa-d’água, vestida com uma capa de alumínio.
Espaço multifuncional
O conceito de espaço flexível foi levado a sério. Durante o dia dois pufes fazem as vezes de sofá. Outro exemplo de dupla função reside na mesa de refeições, transformada em bancada de trabalho.
home theater
A opção por uma estrutura desmontável excluiu a alvenaria. No cubo de 3 x 3 m reúne home theater. Nos pontos por onde passam fios e canos, elas são duplas, com 5 cm entre as chapas.

Espaços multifuncionais
Numa mesma peça, as paredes são painéis de MDF com 20 mm de espessura e revestimento melamínico (Móveis Vogue).

Fachada cortina de vidro
Vidros temperados 10 mm (Personal Glass) fecham a construção com um sistema de envidraçamento de varandas conhecido como Cortina de Vidro. Cada peça mede 2,10 x 0,50 m, embora o projeto previsse peças com 2,50 m de altura, medida do pé-direito. “O fornecedor não garantia a integridade de chapas tão grandes”, explica o arquiteto, que usou uma cinta metálica de 40 cm para preencher o vão até o teto. O sistema de envidraçamento, muito comum em varandas de edifícios beira-mar, permite recolher e alinhar todos os painéis de um lado só.
Persianas vinílicas do tipo rolô Luxaflex
À noite, os estofados são dispostos lado a lado e compõem uma cama. Quando vira quarto o ambiente conquista privacidade com persianas vinílicas do tipo rolô, fechadas por controle remoto (Luxaflex, fornecidas pela Carlos Machado).
Espaço multifuncional
Na mostra, a casa ficava 1 m acima do solo, medida elevada para 2,50 m no litoral. Sem essa extensão, não seria possível ver o mar, por isso os pilares de aço foram apoiados em bases de concreto.

estrutura metálica
A estrutura metálica resiste à maresia graças a uma tinta especial usada no casco de navios (Inter Coatings). Brises de pínus autoclavado (Ecopine) amenizam a claridade excessiva.

Varanda envidraçada
Uma passarela também de pínus autoclavado (Madeireira Florianópolis) atravessa a restinga e vence os 100 m de distância até a beira da praia. Quando a pedida é fazer do mar apenas cartão-postal para admirar no horizonte, vale usar a varanda como área de descanso – deitado na espreguiçadeira ou imerso no ofurô.

Planta projeto
Com a suspensão da estrutura 2,50 m acima do terreno, sobrou espaço para uma garagem no subsolo. A caixa-d’água, com capacidade para 1 000 litros, fica acima do cubo que centraliza as instalações hidráulicas. Maleável, a área interna é ora compacta, ora ampla, conforme a abertura dos painéis envidraçados que a conecta ao exterior.

Fonte: casa abril