Catedral de Brasília recebe nova cobertura de vidro

Na reforma foram utilizados cera de 2 mil m² de vidro laminado de alta performance com aplicação de polímero hidrorrepelente

Catedral de Brasília
Aplicação de polímero hidrorrepelente deve aumentar significativamente a vida útil dos vidros

Após 50 anos de sua construção, a Catedral Metropolitana de Brasília, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, começou a ser restaurada. A reforma ainda não está totalmente concluída – o projeto foi dividido em duas fases – mas a substituição do envidraçamento externo, que cobre todo o templo, já foi entregue para as comemorações dos 50 anos de Brasília.

A Avec Design, empresa responsável por esta etapa da reforma em conjunto com o consultor Paulo Duarte, explica que a falta de manutenção e limpeza correta reduziram a durabilidade do vidro, que poderia ser infinita. Além do desgaste e da falta de brilho, os vidros que cobriam a Catedral exibiam uma enorme mancha causada por uma gárgula no topo da estrutura. “Quando chovia, a água se misturava à matéria orgânica que estava depositada na cobertura, formava um lodo e escorria pelos vidros. Sem os cuidados necessários, o problema foi se agravando e tornou-se irreversível”, comenta Felipe Aceto, arquiteto da Avec que acompanhou a restauração.

A partir de uma nova tecnologia, que aplica em todos os vidros um polímero hidrorrepelente, a necessidade de limpezas periódicas reduz substancialmente, o que deve dar vida mais longa à nova cobertura.

“Dependendo das condições climáticas, uma limpeza que precisaria ser feita a cada dois meses pode ser realizada em um intervalo de até 5 anos”, diz Aceto. Alem da questão estética, a renovação do envidraçamento externo da Catedral também teve função ambiental. Os novos vidros têm uma melhor seletividade. Eles propiciam uma pequena redução na quantidade de luz que entra, que era muito grande antes, ao mesmo tempo em que reduz a passagem de calor significativamente.

“Esses vidros conseguiram deixar a luz mais inteligente. A luz visível entra bem, mas a luz quente é barrada”, diz a Avec. Antes de a obra ficar pronta, a temperatura interna na catedral chegou a atingir 60°C.

Os vidros antigos (temperado incolor 10 mm) foram substituídos pelo modelo laminado skn 10mm (composto por um vidro de 4 mm, filme de Polivinil Butiral (PVB) e um vidro incolor de 6 mm) que oferece alto grau de resistência. A peça do tipo skn tem transmissão luminosa de 50% e coeficiente de sombra é de 0,38. A Avec utilizou a técnica do vidro encapsulado em silicone (ecoglazing), criada pela empresa, que substitui os caixilhos metálicos por sintéticos em borracha de alta consistência HTV. Os painéis do vidro recebem em sua borda perfis de puro silicone. Com esse sistema, eliminam-se do laminado os quadros de alumínio, material que consome muita energia e contribui para a deterioração do meio ambiente.

O silicone absorve dilatação, resiste aos raios UV, a altas e baixas temperaturas e são duráveis. O trabalho foi minuciosamente elaborado, já que a cobertura da catedral tem 16 gomos, cada um com 105 medidas diferentes, totalizando 5.900 peças e cerca de 2 mil m² de vidro.

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Antes de a obra ficar pronta, a temperatura interna na catedral chegou a atingir 60°C. Vidros antigos foram substituídos pelo modelo laminado skn 10mm e um vidro incolor que oferece alto grau de resistência

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Técnicos fazem a primeira inspeção geral no envidraçamento antigo da Catedral de Brasília. Trabalho precisou ser feito com o auxílio de rapel

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Técnicos fazem teste do protótipo do vidro. Na imagem, é possível observar a sujeira que estava nos vidros antigos

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Homens retiram os vitrais antigos. A artista plástica Marianne Peretti, criadora dos vitrais, também foi a responsável pela nova remessa

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Sistema antigo de laminaçâo de vidros, com caixilhos de metal. Os vidros novos substituem estes caixilhos pelos sintéticos, através da técnica de encapsulamento do vidro em silicone

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Instalação da nova cobertura de vidros com o uso de rapel

Fonte: PINIweb