Uma esbelta caixa de vidro que parece emergir do mar causa impacto na paisagem da capital norueguesa
À beira do fiorde que banha a capital da Noruega, uma construção moderna, de linhas retas brilhando ao sol, chama a atenção. É o Opera House, causando impacto na paisagem da capital da Noruega. Logo nos envolvemos na atmosfera, na arquitetura e na arte desse surpreendente edifício – quase um intruso entre o cais e a cidade – projetado pelos arquitetos noruegueses do escritório Snohetta e premiado pela Fundação Mies van der Rohe em 2009.
Subindo a plataforma branca que emerge do mar, somos conduzidos por passarelas de granito branco à cobertura, de onde se tem uma visão ampla da cidade. Edifícios modernos se agrupam de um dos lados da Ópera, contrastando com pequenos prédios de arquitetura estilosa que bordejam o mar.
Com mármore branco de Carrara, vidro, aço e madeira, em planos horizontais, o escritório compôs o conjunto como um apelo à convivência projetando amplas e convidativas áreas externas. E inúmeras salas internas de acesso livre e permanente, na realidade um foyer por onde se dá a entrada principal e se distribuem, à disposição do público, espaçosos café e restaurante, bilheteria, loja, poltronas e uma área escura com os banheiros contrastando com a luminosidade do foyer.
O conteúdo dessa caixa de vidro surpreende. Vigas esbeltas de concreto que sustentam a cobertura – assim como as rampas, quem sabe uma alusão ao Alvorada de Niemeyer… – antecedem o enorme bloco de madeira que abriga os espaços do teatro.
A fachada em vidro estrutural sobre o hall de entrada tem um importante papel nas vistas do edifício. No início do projeto, percebeu-se que o vidro teria uma importância maior do que inicialmente se supunha, tanto durante o dia quanto à noite, quando ele agiria iluminando as superfícies externas.
A fachada com 15 metros de altura, foi especificada pelos arquitetos, que projetavam uma construção de vidro, com um mínimo de colunas, perfis e estruturas. A solução foi usar o tradicional vidro estrutural, tendo como diferencial o emprego de barbatanas de vidro nas fixações.
Os requisitos para a rigidez do vidro aumentaram devido o desejo de grandes painéis articuláveis. Com o aumento da espessura do vidro, temos um natural esverdeamento do conjunto. Assim, foi decidido que a fachada do Opera House seria toda em vidro laminado com baixo teor de ferro, obtendo vidros mais puros e transparentes.
O trabalho na madeira também é surpreendente. São longos corredores, com pisos e paredes nesse material, contornando a sala principal, totalmente revestida de carvalho escurecido para oferecer sensação de calor e aconchego. Nela, tudo foi pensado em função da acústica; o revestimento frontal dos balcões foi desenhado de maneira a dispersar o som, assim como todos os demais detalhes, como os assentos que o absorvem, estejam ou não ocupados e as pesadas cortinas que recobrem as paredes no fundo quando há grande volume de som em apresentações de músicas pop ou rock.
O lustre central também tem um papel importante como refletor acústico. Como as outras superfícies ele assegura que o som do palco e da orquestra seja bem distribuído. É também a principal fonte de iluminação dos auditórios, utilizando LEDs pela primeira vez em um ambiente deste porte. Ele pesa 8,5 toneladas e tem um diâmetro de 7m. É composto por 5800 cristais, sendo que 800 possuem luzes de LEDs, que banham a sala com uma bela luz difusa que procura insinuar a luz do dia
Outro objeto-surpresa é a boca de cena, cortina do palco criada pelo artista norteamericano Pae White em tecido metálico, com detalhes em alta tecnologia. À distância, parece uma superfície metálica em três dimensões.
Três auditórios completam o programa do Opera House. Um deles, de expressão mais moderna, em cores vermelha, branca e prata e 400 assentos, foi projetado para produções experimentais; sua flexibilidade permite adaptação para diferentes apresentações musicais. Esses volumes, revestidos por peças de cristal , criadas pelo artista Olafur Eliasson que se inspirou no movimento das geleiras, são iluminados por luzes verdes.
Voltando à área externa, as rampas em peças de mármore bruto (36 mil ao todo) compõem um desenho geométrico, elaborado pelos arquitetos em conjunto com artistas locais. Estreitas faixas de mármore polido alternam-se entre peças de mármore rústico de diferentes tamanhos. No topo do caminho, o bloco retangular revestido de alumínio desenhado por artistas têxteis, projeta a luz do sol durante todo o ano, em suas diferentes nuances.
Esse complexo foi inaugurado em abril de 2008. São do mesmo escritório a Biblioteca de Alexandria, no Egito, projeto vencedor de concurso internacional e, mais recentemente, a embaixada da Noruega, em Berlim entre inúmeras obras espalhadas pelo mundo.
Fonte: arquiteturismo